Educação e o Futuro
terça-feira,
4 de dezembro de 2018
Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Hélio Duque
A educação de
qualidade é o fator determinante para o crescimento da economia e, por
consequência, do desenvolvimento. Sua ausência determina baixíssima
qualificação da mão de obra resultando na baixa produtividade. Educação e
economia estão integradas na ordem direta de um país responsável que almeje
pela elevação da renda à inclusão social. Sem priorizar a educação torna-se
impossível a construção de uma nação desenvolvida.
Buscar um padrão
educacional moderno a exemplo de países como a Finlândia, Coréia do Sul, Japão
e vários outros que construíram modelos educacionais que mudaram a realidade do
seu povo deve ser o grande objetivo de um Ministro da Educação comprometido com
a modernização.
Qualquer candidato
a cuidar da educação brasileira deveria estar preparado para enfrentar pelo
menos as seguintes questões: 1) Por que os alunos brasileiros vão tão mal no
Pisa, o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes? 2) Como melhorar os
níveis fundamental e médio do ensino brasileiro, obviamente em condições muito
más? 3) Como adaptar o ensino às condições impostas (sim, impostas) pela
chamada revolução 4.0? 4) Como preparar professores para formar alunos capazes
de atuar com sucesso na economia do século 21? 5) Que experiências bem
sucedidas no exterior poderiam proporcionar elementos a um programa de
modernização educacional?”
Oportuna e lúcida
indagação feita pelo excelente analista Rolf Kuntz, em “O Estado de S.Paulo”
(25-11-2018). Destacando que padrões ideológicos ou religiosos não podem
prevalecer na condução da educação brasileira. A ineficiência da educação
brasileira tem várias causas e uma delas não é decorrente de o Brasil investir
pouco na formação educacional.
A baixíssima qualidade
da educação nacional não tem como responsável a insuficiência de recursos. Sua
origem está na inexistência de uma política educacional séria, competente e
realista. Educação é política de Estado e pauta suprapartidária. A
incompetência e irresponsabilidade na gestão dos recursos públicos pela União,
Estados e Municípios alimentam e agravam o caos educacional.
Comprovarei pelo
estudo “Aspectos Fiscais da Educação no Brasil”, elaborado pela Secretaria do
Tesouro Nacional. Demonstra que o país gasta com educação 6% do PIB (Produto
Interno Bruto).
Comparativamente, os países integrantes da OCDE (Organização
para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) gastam em média 5,5% do PIB.
Exemplo: A educação pública brasileira tem um custo maior do que 80% dos países
em todo o mundo. Em relação ao PIB nações como EUA investem 5,4%; Argentina,
5,3%; Chile, 4,8%; Colômbia, 4,6%; México, 5,3%.
O economista,
engenheiro eletrônico pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica e professor
Ricardo Paes de Barros, ante essa realidade indaga: “Como você coloca 6% do PIB
na educação e eles dizem que não sabem como garantir resultados?” Em 2017, o
governo da União aplicou R$ 117,2 bilhões em educação. Sendo R$ 75,4 bilhões no
ensino superior e R$ 34,6 bilhões na educação básica.
O governo federal
nos ensinos básicos e fundamental tem papel supletivo em relação aos Estados e
Municípios. A diferença do montante de recursos exemplifica o porquê de o
ensino básico e fundamental sofre de déficit educacional histórico. Exatamente
as áreas que deveriam ter prioridade maior no recebimento de recursos públicos.
A síntese disso
tudo pode ser resumida em uma estrutura educacional viciada, envolvendo União,
Estados e Municípios. Prioridades erradas na administração dos recursos
destinados à formação das novas gerações é realidade inquestionável.
A deficiência no
aprendizado, fruto de uma educação sofrível no ensino básico, é agravada pela
elevada evasão no ensino médio, travando a construção do futuro de novas
gerações e aprofundando a desigualdade da renda e a pobreza para milhões de
brasileiros.
Todos vítimas de
uma péssima educação.
Hélio Duque é doutor em Ciências, área econômica,
pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Foi Deputado Federal (1978-1991).
É autor de vários livros sobre a economia brasileira.
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