Igreja em Montes Claros nega bancar defesa de esfaqueador; o que diz cada advogado

Profissionais que defendem Adelio Bispo de Oliveira têm versões diferentes sobre o pagamento de honorários



Os quatro advogados, em montagem com a igreja que nega envolvimento com a defesa(foto: Agência Brasil/ Alexandre Guzanshe/ StreetView)

Montes Claros e Juiz de Fora - O pastor Antônio Levi de Carvalho negou que a Igreja do Evangelho Quadrangular em Montes Claros, Norte de Minas Gerais, esteja custeando os gastos com os advogados de Adelio Bispo de Oliveira – o homem que esfaqueou o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) na última quinta-feira. Segundo familiares, o acusado se tornou missionário há oito anos, o que levantou suspeita de que o grupo religioso financiasse a defesa. Os quatro representantes legais do homem que agrediu o candidato deram versões divergentes sobre quem paga os honorários.
De acordo com o pastor Antônio Levi de Carvalho, superintendente da Igreja do Evangelho Quadrangular em Montes Claros, Adelio nunca foi integrante da Igreja na cidade.

Nesse sábado, em Juiz de Fora (na Zona da Mata), o advogado Fernando Magalhães disse que a defesa foi contratada “a partir de uma congregação de Montes Claros, que pediu sigilo”.

"A  igreja (do Evangelho Quadrangular) não reconhece o senhor Adelio como membro desta igreja", afirmou o pastor Levi. "A igreja informa que não pagou absolutamente nada de custas processuais dos advogados do senhor Adelio”, completou.

O pastor demonstrou estranhamento com a informação de que a defesa seria paga por uma ‘congregação’ de Montes Claros: "Conhecemos a realidade da nossa cidade, que é difícil. Quem aqui teria dinheiro para contratar advogados de um calibre desse?". 

Adelio é defendido por quatro advogados. Zanone, inclusive, deixou Belo Horizonte às pressas em avião próprio rumo a Juiz de Fora. Ao lado dele, estava Fernando Magalhães. Marcelo Manoel da Costa disse que trabalha no caso especialmente por conta da visibilidade, já que os valores pagos são ‘irrisórios’.

O pastor Antônio Levi de Carvalho disse que o Evangelho Quadrangular tem mais de 5 mil seguidores em Montes Claros e que não existe nenhum registro de que Adelio já tenha integrado a congregação. Segundo ele, há uma lista de fiéis registrados. 

Ele admitiu, porém, que Adelio pode ter frequentado alguma sede da igreja do Evangelho Quadrangular em Montes Claros. "A nossa igreja recebe visitas de muita gente. Não dá para saber quem são todas as pessoas que visitam a igreja. “Estou há 13 anos em Montes Claros e nunca tive notícia dele (Adelio)  em alguma igreja nossa".

O pastor afirmou ainda que desconhece a informação de que Adelio tenha se tornado missionário da igreja, conforme disseram familiares do agressor. Levi explicou que é preciso apresentar ficha de bons antecedentes para representar a Evangelho Quadrangular. 

"Para entrar para a igreja, primeiro a pessoa tem que fazer uma confissão de fé, aceitando Jesus para ser salva. Depois, acontece o batismo", relatou. Segundo ele, também é preciso que o aspirante a missionário passe por um processo seletivo, não possua ficha criminal e tenha “nome limpo no SPC e no Serasa”.

Também por meio de nota, representantes das Testemunhas de Jeová de Montes Claros, informaram que Adélio Bispo e sua família não são Testemunhas de Jeová e que "não são responsáveis e não possuem qualquer relação com a contratação de advogados para a defesa" dele. 

O QUE DIZ CADA ADVOGADO

Fernando Magalhães
“Uma pessoa que se diz representando uma congregação (os procurou). Não nos cabe percorrer o caminho de provar ser verdadeiro ou não o que declarou. Sabemos que o ataque não teve cunho religioso e sim político, por convicção do cliente e sem interferência de terceiros”.

Pedro Augusto de Lima Felipe e Possa
“Adelio se disse testemunha de Jeová. Não tem cunho da igreja (o pagamento). Foi uma pessoa ligada à religião dele que nos contratou”.

Marcelo Manoel da Costa
“O primeiro contato se deu por meio de um parente de Adelio, que fora aluno de Zanone e telefonou para ele. A questão do pagamento será combinada depois”.

Zanone Manuel de Oliveira Júnior
"A pessoa falou que tem conhecimento com a família e com o pessoal da igreja e que tinha gente lá conversando se iam ou não fazer uma vaquinha para financiar", disse, em entrevista ao Globo.

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