Ministra Eliana Calmon acertou em cheio ao exigir investigação dos “bandidos de toga”
A expressão “bandidos de toga” foi criada pela ministra Eliana Calmon, do Superior Tribunal de Justiça, à época em que exercia a função de corregedora do Conselho Nacional de Justiça. Em 25 de novembro de 2011, ao participar da 9ª Reunião Plenária Anual da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro, na cidade gaúcha de Bento Gonçalves, ela disse que há um “corporativismo ideológico perigosíssimo” nas corregedorias do Poder Judiciário, que favorece a infiltração de “bandidos de toga”.
“O corporativismo é uma visão ideológica. Ideologicamente você parte para defender o Poder Judiciário, e você começa a não ver nada que está ao seu redor. Você não vê sequer a corrupção entrando nas portas da Justiça, porque você acha que, para defender o Judiciário, você tem que manter o magistrado imune às críticas da sociedade e da imprensa”, afirmou a ministra, que hoje está aposentada e comanda seu escritório de advocacia em Salvador.
FAVORECIMENTO – “À medida que nós continuamos com o corporativismo, nós estamos favorecendo que as pessoas venham se esconder nessa grande arrumação que fizemos: Aqui é muito bom, eu posso fazer e estou fora do alcance da lei”, assinalou.
Na avaliação da ministra, o Poder Judiciário padece de uma ideologia de dois séculos de falta de transparência no País. Mas as coisas estão mudando. “Nada se esconde mais, um dos braços e instrumentos da corrupção é exatamente esse fechamento. Então, você combate a corrupção com transparência”, afirmou Eliana Calmon, num pronunciamento que entrou para a História.
“É uma cegueira causada pela ideologia. Não veem que isso está se alastrando. Por isso eu falei dos bandidos de toga, porque é uma infiltração, uma cultura que tem sido deletéria no Poder Judiciário”, acrescentou, dizendo ser indispensável uma grande investigação sobre os magistrados fora da lei.
TUDO CONFIRMADO – Oito anos depois, as palavras de Eliana Calmon têm um sentido premonitório. Está tudo confirmado. Não houve investigação dos bandidos de toga, que são uma minoria inexpressiva porém atuante. Mas nunca é tarde para começar. Poderíamos iniciar pela apuração do caso Coaf, cujos auditores estão sendo acusados de perseguir os ministros Dias Toffoli e Gilmar Mendes, assim como as respectivas mulheres.
É preciso apurar se os auditores “selecionaram” Toffoli, Gilmar & companhi apara destruir suas imagens, o que seria gravíssimo, ou se os ministros e as mulheres foram simplesmente apanhados pela malha fina da Receita, que examinou 800 mil declarações de servidores públicos e pessoas a eles ligadas, ficaram sob suspeição 799 pessoas, que na repescagem caíram para apenas 134 contribuintes com” inconsistências nas declarações de renda e patrimônio”, entre os quais os dois casais supremos.
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P.S. – Esse tipo de dúvida não pode persistir. Ou os auditores se portaram como militantes políticos, ou os ministros se enrolaram nas declarações e não têm como explicar as movimentações financeiras atípicas. O povo quer saber a verdade, até porque é que paga tanto os salários de ministros quanto o de auditores. (C.N.)
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