Por fim, permitam-me contar a história de um homem.

Nascido na cidade de Galileia, Minas Gerais, em um berço pobre, família de trabalhadores rurais, quase em um regime de escravidão, decidiu vir para a capital mineira na busca de uma vida melhor. Deixou a sua terra natal com a promessa feita a seus pais e irmãos que um dia voltaria para busca-los, o que foi concretizado. 

Nesta cidade de Belo Horizonte realizou diversos tipos de trabalhos braçais, passou por humilhações e chegou ao ponte de ter de dormir debaixo de marquises e viadutos. Tomado pela fome e abandono, teve a sorte de um dia passar em frente ao Regimento de Cavalaria Alferes Tiradentes. Em um ato de 
desespero e de extrema necessidade, disse ao sentinela que cumpria o quarto de hora: será que vocês teriam um prato de comida para mim? 

O policial militar, devidamente tomado por um sentimento de piedade, respondeu: aqui temos um refeitório, à época chamado de rancho e deve ter sobrado comida. 

Após se alimentar, como uma forma de gratidão e acostumado a uma vida simples e humilde, perguntou: Existe algo que posso fazer? Algum serviço a ser prestado para pagar o prato de comida? Um policial militar desconhecido lhe respondeu: Tem sim. Caso queira, poderá limpar os estrumes existentes na baias dos cavalos. Mais que de pressa a tarefa proposta foi cumprida. No dia seguinte, após mais uma noite ao relento, o jovem rapaz, como única opção, retorna a Cavalaria e pede novamente para limpar as baias do cavalo em troca de alimentação, atitude esta que se repetiu por diversas vezes, se configurando uma verdadeira oportunidade na luta diária para sobreviver. 

Já tendo estudado até a quarta séria do ensino primário, através da ação divina de um Major também desconhecido, foi convidado a sentar praça, ou seja, ingressar nas fileiras da Polícia Militar. Acredito que o convite, devido a realidade daquela época, foi decorrente da dedicação e determinação apresentada durante as tarefas executadas. 

Como policial militar exerceu as funções de soldado por 22 anos. Após passar pelos devidos processos seletivos e concluir os cursos de formação, foi promovido a graduação de Cabo e Sargento. Além deste cursos, o humilde lavrador, teve graças a Polícia Militar, a oportunidade de concluir o ensino médio e fundamental. Cursou e formou em um curso superior, se tornandobacharel em Teologia. Ao final da sua vida, devido a uma doença neurológica que o colocou no leito de uma cama por seis anos, recebeu os cuidados dos valores policiais integrantes do nosso Hospital da Polícia Militar. 

Deixou-nos um legado de determinação e persistência. Hoje, a companheira de todas as horas, sua única esposa é sustentada pela pensão paga pelo Instituto de Previdência dos Servidores Militares, Instituição que consideramos, juntamente com o Hospital Militar, nossos intocáveis patrimônios. 

Esta mulher de valor é a minha mãe e o personagem desta historia é o falecido sargento Venceslau Braz da Silva e que Hoje se torna o PAI do mais novo Comandante Geral da Policia Militar de Minas Gerais.

A você, meu pai, a minha mais respeitosa continência.

Cel Giovane

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