Guedes é um farsante e o presidente Bolsonaro logo vai perceber essa realidade
Carlos Newton
Qual é o maior problema brasileiro? Se depender da mídia, seja grande, média ou pequena, tudo se resume à reforma da Previdência Social. Simples assim. Nesse sentido, o aparentemente todo-poderoso Paulo Guedes, em seu primeiro discurso como ministro da Economia, fez uma declaração inacreditável, sem qualquer base na realidade, e os jornais publicaram em manchete, como se fosse um fato concreto.
“A despesa da Previdência é o primeiro e principal desafio a ser enfrentado. Se for bem-sucedido esse enfrentamento, temos dez anos de crescimento sustentável pela frente”, disse Guedes, com a segurança dos Oráculos de Delfos, na Grécia Antiga, que eram ridicularizados por Sócrates.
QUEM ACREDITA? – Somente os néscios (hoje chamados de nerds) podem acreditar numa patacoada dessa envergadura. O principal problema do Brasil não é o déficit da Previdência, que pode ser reduzido com alguns acertos, caso a economia volte a crescer, os gastos em assistência social sejam desvinculados do INSS, a corrupção seja contida e também acabe a sangria da pejotização, que o próprio Bolsonaro já denunciou várias vezes.
Qualquer estudante de economia sabe que o grande desafio brasileiro é o déficit primário – os diversos níveis de governo (federal, estaduais e municipais) gastam mais do que arrecadam, estão endividados e, se fossem empresas, estariam pré-falidos.
Não por mera coincidência, em dezembro o deputado Rodrigo Maia, no exercício interino da Presidência, sancionou a lei permitindo que as prefeituras ultrapassem os limites dos gastos de pessoal, sem punição da Lei de Responsabilidade Fiscal.
FORA DO LIMITE – 0 fato concreto é que a maioria dos Estados e Municípios têm dificuldades para pagar servidores, aposentados e pensionistas. Desde o governo do trêfego Fernando Henrique Cardoso (“esqueçam tudo o que escrevi”), os servidores públicos formaram castas e passaram a ser remunerados como se estivessem no melhor dos mundos. Tanto na ativa como na aposentadoria, a crise econômica não os atinge. E agora não é mais possível reverter esse quadro, porque o Supremo considerou tudo como direito adquirido.
No entanto, o ministro Paulo Guedes comporta-se como se nada disso existisse e a dívida pública bruta não ameaçasse o país inteiro. Diz que os pilares do governo serão a reforma da Previdência, as privatizações e a redução de impostos. “O Brasil deixará de ser o paraíso dos rentistas”, assegura, referindo-se aos capitalistas sem risco, que lucram com o rendimento do capital, sem aplicar o dinheiro em empreendimentos empresariais, sem criar empregos nem distribuir renda.
SEM RENTISMO – Guedes é um farsante. Com a queda dos juros da Selic este ano, agora só os grandes capitalistas conseguem ser “rentistas” (neologismo criado por Karl Marx). Descontada a inflação, o lucro dos pequenos e médios aplicadores caiu para algo em torno de 1% a 3% ao ano, a não ser que se trate de investimentos a longo prazo, quando o lucro então sobe para entre 6% e 8% ao ano, no máximo.
Até agora, o ministro da Economia não deu uma palavra sobre a dívida pública bruta nem sobre os lucros abusivos dos bancos brasileiros, que em plena crise conseguem as maiores rentabilidades do mundo. Guedes não é um economista de empresa, preocupado em custo/benefício e produtividade. Na verdade, trata-se de um economista com alma de banqueiro e de corretor financeiro, inteiramente curvado ao Deus Dinheiro. Decididamente, não pode ser e nunca será o homem certo para defender os interesses nacionais.
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P.S. 1 – Por coincidência, a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) há dois meses mantém na mídia uma caríssima campanha para justificar os juros altos praticados no Brasil. Com medo de Bolsonaro, os banqueiros apresentaram essa publicidade como se fosse um habeas corpus preventivo.
P.S. 2 – Nada justifica os juros altos aplicados no Brasil pelos banqueiros. Este é o maior problema dos brasileiros e vamos voltar ao tema amanhã. (C.N.)
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