Alto escalão das Forças Armadas entra na briga entre Executivo e STF


Em texto endereçado a Celso de Mello, membros da Força Aérea fazem referência a episódio em que o ministro do STF foi chamado de "juiz de merda"


Militares da Força Aérea Brasileira (FAB) entraram de vez na crise entre o Executivo e o Supremo Tribunal Federal (STF) e enviaram um manifesto crítico ao ministro Celso de Mello, relator do inquérito que apura se o presidente Jair Bolsonaro interferiu politicamente na Polícia Federal, como acusa o ex-ministro da Justiça Sergio Moro. 

O documento conta com a anuência de oficiais do alto escalão das demais forças militares e foi enviado ao ministro no sábado (13/6), segundo revelou o jornal O Estado de S. Paulo nesta segunda-feira (15/6). 

O texto, ao mesmo tempo em que exalta as qualidades de militares, faz críticas ao poder Judiciário, mencionando, por exemplo, ações baseadas em subjetividade e uso de "palavreado enfadonho". "Nenhum Militar galga todos os postos da carreira, porque fez uso de um palavreado enfadonho, supérfluo, verboso, ardiloso, como um bolodório de doutor de faculdade", diz um dos trechos (leia íntegra abaixo).

Tensão entre Bolsonaro e STF

Um dia antes do envio do documento a Celso de Mello, o Supremo e o presidente Jair Bolsonaro fizeram declarações que aumentaram a tensão entre o Executivo e o Judiciário, sempre tento o papel das Forças Armadas como centro da discussão.

Na sexta-feira (12/6), o ministro Luiz Fux concedeu liminar afirmando que as Forças Armadas não podem atuar como "poder moderador" entre Executivo, Legislativo e Judiciário. No mesmo dia, Jair Bolsonaro respondeu. Disse que "as Forças Armadas não cumprem ordens absurdas", que exemplificou como a tomada de poder, mas que também não aceitarão "tentativas de tomada de poder por outro Poder da República.

Leia o manifesto enviado por militares a Celso de Mello:

Ao Sr. José Celso de Mello Filho.

Ninguém ingressa nas Forças Armadas por apadrinhamento. 
 
Nenhum Militar galga todos os postos da carreira, porque fez uso de um palavreado enfadonho, supérfluo, verboso, ardiloso, como um bolodório de doutor de faculdade.

Nenhum Militar recorre à subjetividade, ao enunciar ao subordinado a missão que lhe cabe executar, se necessário for, com o sacrifício da própria vida.

Nenhum Militar deixa de fazer do seu corpo uma trincheira em defesa da Pátria e da Bandeira.

Nenhum Militar é comissionado para cumprir missão importante, se não estiver preparado para levá-la a bom termo.

Nenhum Militar tergiversa, nem se omite, nem atinge o generalato e, nele, o posto mais elevado, se não merecer o reconhecimento dos seus chefes, o respeito dos seus pares e a admiração dos seus subordinados.

E, principalmente, nenhum Militar, quando lhe é exigido decidir matéria relevante, o faz de tal modo que mereça ser chamado, por quem o indicou, de general de merda.

Rio de janeiro, 13 de junho de 2020




https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2020/06/15/interna_politica,863868/alto-escalao-das-forcas-armadas-entra-na-briga-entre-executivo-e-stf.shtml

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