ENTREVISTA DO ECONOMISTA PAULO GUEDES DÁ UMA BOA IDEIA DE COMO SERÁ O GOVERNO DO BRASIL SOB A PRESIDÊNCIA DE JAIR BOLSONARO
domingo, agosto 19, 2018
A principal
matéria da revista Veja deste final de semana é uma entrevista com o economista Paulo Guedes. A
entrevista está tão boa, no que respeita às respostas sobre o que lhe
perguntaram, que foi capa da revista que pertence ao ex-todo poderoso Grupo
Abril que exala seus últimos suspiros e se encontra em recuperação judicial.
Literalmente afundou. Esta é a verdade. Mesmo assim, na UTI joga suas últimas
fichas de sua manifesta má-fé e manipulação dos fatos.
No rastro da falência do Grupo Abril irá ladeira abaixo uma boa parte da mainstream media nacional.
A capa da revista não pode ser mais calhorda na tentativa de denegrir o Presidenciável Jair Bolsonaro, cuja liderança, elevado caráter e lealdade em relação ao seu staff é salientado pelo próprio entrevistado, o economista Paulo Guedes, conforme se pode conferir na entrevista cuja postagem na íntegra segue após este prólogo.
O Brasil está nesta situação falimentar e sua população desesperada vendo seus salários serem engolidos por um dos maiores níveis de inflação da nossa história e o cordão do Grupo Abril batendo o bumbo da canalhice, quiçá nutrindo alguma chance de sobrevida à custa da desgraça dos brasileiros. Do ponto de vista moral e ético isto tem de ser repudiado de forma veemente.Seja como for, o conteúdo da entrevista, por conta exclusiva do preparo e experiência do economista Paulo Guedes, vale a pena ser lida. Ainda mais por denotar franqueza, lealdade, inteligência e bom caráter, qualidades raras em seres humanos e totalmente ausentes no que refere aos golpistas da nefasta "Nova República" hoje reunidos no famigerado "centrão" chefiado pelo PSDB, MDB e PT.Não conheço Paulo Guedes pessoalmente, mas a clareza e objetividade de suas palavras nesta entrevista são inauditas, reforçando minha intuição que antevê um futuro Governo de Jair Messias Bolsonaro como a única, senão a última tábua de salvação do Brasil. Oxalá o céu ouça as preces do nosso Messias.
Segue a entrevista:
O senhor é um economista renomado, banqueiro, Ph.D. por uma das melhores universidades do mundo. Jair Bolsonaro é um candidato vindo de um círculo no qual o senhor nunca transitou. Como ocorreu esse encontro? Ele me chamou para conversar depois de ter lido um artigo em que eu dizia que o Ciro Gomes era o legítimo candidato da esquerda e ele, Bolsonaro, o legítimo representante da direita. Foi o Winston Ling (empresário e presidente do conselho de administração da Petropar) que comentou esse artigo com ele. E, de repente, quatro ou cinco pessoas me ligaram ao mesmo tempo pedindo que eu fosse conversar com Bolsonaro. Isso foi no fim de 2017, quando eu ainda estava auxiliando Luciano Huck. Avisei o Huck que iria falar com Bolsonaro, e ele não viu problema algum. E, quando falei com ele, saí da bolha.
O que significa sair da bolha? A bolha é São Paulo, Rio, Florianópolis. Somos nós, a Folha
de S.Paulo, a Globo, a VEJA. A bolha diz assim: “Ah, esse cara é chato,
disgusting (repugnante, em inglês), tosco”. A bolha pensa em direitos humanos,
que são demandas legítimas, corretas e sofisticadas da sociedade. Só que o povo
está lá fora gritando socorro porque não sabe se levará um tiro hoje ou amanhã.
Então, quando falei com ele, tudo ficou muito claro para mim. O que ele
representa? A ordem, que é a função básica de qualquer governo. É isso que as
pessoas querem. E é isso que ele defende quando fala de segurança. O que
Bolsonaro fala remete aos preceitos liberais mais genuínos, que são a
preservação de vidas e de propriedades, e que nortearam todo o pensamento dos
constitucionalistas britânicos do século XVII.
Como foi a sua transição de Luciano Huck para Jair Bolsonaro? Procurei Luciano em 2016 e disse a ele que um tsunami
aconteceria em sua vida. Ele tinha, então, mais de 40 milhões de seguidores nas
redes sociais. Eu disse: “Você está ferrado porque vai ser presidente da
República!”. Ele disse que não havia a menor possibilidade, que ele era “irmão”
do Aécio (o senador tucano Aécio Neves era, então, o possível candidato do PSDB
à Presidência) e que seria chamado de moleque pelo Fernando Henrique Cardoso
caso entrasse para a política. Eu disse a ele que Aécio seria fulminado pela
Lava-Jato por causa das denúncias envolvendo Furnas e que ele próprio pediria a
Luciano que se candidatasse. Eu não tinha informação nenhuma, era um palpite.
Essa conversa foi presenciada pelo Gilberto Sayão (banqueiro carioca). Seis
meses depois, Luciano me liga dizendo que eu havia acertado todas as minhas
previsões. Aécio o havia procurado oferecendo a vaga de vice. Ele sugeriu, só de
sacanagem, ser ele mesmo o candidato à Presidência e Aécio ficar com a Vice.
Chocado, Luciano me disse que Aécio tinha topado. Desde então, nós dois ficamos
em contato. Depois da vitória de João Doria para a prefeitura de São Paulo,
Fernando Henrique também visitou o Luciano e sugeriu que, se ele fosse pré-candidato
pelo PSDB, teria chances reais de concorrer, já que o partido estava então
rachado entre Alckmin e Aécio e poderia se unir em torno de um novo nome.
Fernando Henrique se tocou, bem depois de mim, que o Luciano era um outsider
como Doria e que o brasileiro queria votar em outsiders. Luciano, então, me
disse: “Paulo, esse cara ia me chamar de moleque um ano atrás. E ele não fala
que precisa de mim por causa dos meus milhões de votos, e sim porque ‘pode me
ajudar’. Ninguém foi honesto comigo como você. Mas, olha, agora estou mesmo na
campanha. Vamos nessa”. Ele montou uma equipe, e eu me dispus a ajudá-lo.
Sugeri que o Armínio Fraga ficasse com a parte econômica. Armínio me disse:
“Como assim? O apresentador de TV? Mas eu estou com Aécio!”. Aí eu expliquei
tudo e ele topou. Montaram plano, equipe, tudo. Armínio estava a fim de ir de
qualquer jeito para o governo. Ele gosta. É um cara espetacular. Mas, no fim de
novembro, Luciano desistiu da ideia. E, então, eu me senti apto a ajudar
Bolsonaro, com quem já havia me encontrado uma vez.
O
Presidenciável Jair Bolsonaro, líder nas pesquisas eleitorais: sob o fogo
cerrado das viúvas do PSDB, PT E MDB que ainda controlam as redações da grande
mídia.
Em sua trajetória parlamentar, Bolsonaro já demonstrou
claramente que é um estatista e não tem simpatia por medidas de ajuste. O
senhor acha que ele se tornou um liberal? É o que eu digo a ele: “Se você não gosta do que a esquerda
fez, gosta de uma economia mais aberta, então você quer uma economia liberal de
mercado”. E ele não gosta do que a esquerda fez. A reforma da Previdência, por
exemplo, não é ponto pacífico ainda no nosso programa. Ele me diz: “Paulo, você
quer atropelar o Congresso? Os caras não conseguem aprovar nada, e você quer
matar no peito? Você quer pegar o dinheiro dos velhinhos? E os 9 bilhões que
deram ao Joesley?”. Aí eu explico a ele que as coisas não são bem assim, sou
enfático quando digo que precisa haver reforma e que o presidente precisa
encaminhá-la. É uma conversa respeitosa que temos. Às vezes é mais tranquila,
às vezes, antagônica, mas sempre franca, porque ele é um cara de princípios.
Bolsonaro já demonstrou claramente sua admiração pela
ditadura militar. O senhor também acha que ele se tornou um democrata? Bolsonaro faz parte de um enredo que está sendo escrito
pela sociedade. Passamos por trinta anos de social-democracia e agora o povo dá
sinais de que quer mudar. E ele é o agente da mudança. Sobre a questão da
ditadura, acredita que os militares foram chamados pela sociedade porque a
esquerda queria dar um golpe. Bolsonaro vê os militares como defensores da
ordem. Mas ele mesmo diz que é preciso virar a página sobre esse assunto. A
verdade é que, em vez de ameaça à democracia, Bolsonaro pode ser o primeiro
presidente a amputar os próprios poderes presidenciais, retirando dinheiro do
governo central e transferindo-o a estados e municípios. Isso é precisamente o
contrário do que ocorre em um regime antidemocrático, porque regimes
totalitários tendem a concentrar o dinheiro e o poder no topo. Bolsonaro está
disposto a fazer o contrário, a descentralização de recursos que os
constituintes tanto pediam. E ele fala que não quer ser reeleito porque quer
dar o exemplo de como se faz política. Quem, além dele, disse isso?
Bolsonaro não conseguiu reunir o apoio de outros partidos
para sua candidatura, mesmo sendo líder nas pesquisas sem Lula. Se eleito, como
teria uma base forte para aprovar as reformas que o senhor considera
imprescindíveis? Já contabilizamos mais de 110 parlamentares que nos apoiam em
questões temáticas. Nada de toma lá dá cá, nada de ministérios. Vamos ter de
dez a quinze ministérios, menos da metade do que temos hoje. É um novo eixo que
se forma. Porque, ainda que um dirigente partidário não entenda a mudança, ele
vai ver que sua bancada vai aderir a alianças temáticas porque o próprio povo
vai pressionar para isso.
Se os deputados votarão por princípios e com base em alianças
temáticas, também o fariam num governo Alckmin, Marina, Ciro ou Haddad. Não
votarão por princípios apenas no governo Bolsonaro, certo? Votarão por princípios em governos de candidatos que têm
agendas temáticas. Esse é o caso de Bolsonaro e Marina, com sua agenda
ambiental.
O fato de ter uma agenda temática não impediu Bolsonaro de
negociar o apoio do PR, do notório Valdemar Costa Neto. Os evangélicos estão com Bolsonaro, e por isso ele queria o
Magno Malta como vice. O PR não quis dar essa garantia, então Bolsonaro
rejeitou. Não foi Valdemar Costa Neto que disse não. Foi Bolsonaro. E toda a
imprensa criticou essa aproximação, mas aplaudiu quando o Centrão se alinhou ao
Alckmin.
Se Bolsonaro ganhar, a Fazenda será um superministério e o
senhor, um superministro? A decisão dele é ter apenas um interlocutor em cada área. Na
defesa, por exemplo, é o general Augusto Heleno. Na economia, sou eu. Não se
trata de superministro, mas de tornar a gestão mais eficiente.
E como seria um programa Paulo Guedes de ajuste fiscal? Venho trabalhando nisso nos últimos trinta, quarenta anos.
Não é algo que surgiu do nada. Mas tem algumas premissas. Começa com um
programa de privatizações. Calculamos que temos cerca de 1 trilhão de reais em
ativos a ser privatizados, incluindo as ações do Tesouro na Petrobras.
Privatizaria o quê? Bolsonaro já disse que não quer privatizar tudo. Que não quer
privatizar Itaipu, Nuclebrás etc. Mas eu defendo privatizar tudo mesmo. O meu
papel é sugerir tudo. Mas a decisão é dele. A história recente mostra que não
há mais defesa para a manutenção dessa quantidade de estatais. Os grandes
escândalos de corrupção aconteceram dentro delas. Petrobras, Caixa, Banco do
Brasil. São empresas que perderam a capacidade de investimento, não conseguem
se modernizar, competir. Por que os Correios são uma estatal? Não faz o menor
sentido. Essa seria a primeira medida. Temos ainda mais de 700 000 imóveis da União que podem ser vendidos. Com isso, calculamos mais cerca de
800 bilhões a 1 trilhão de reais. Somadas essas duas medidas, já são 2 trilhões de reais que poderíamos usar para reduzir a dívida, que hoje é de 4 trilhões.
Depois, faríamos concessões de tudo relacionado à infraestrutura.
Tudo? Qual seria o limite? Não há limites. A questão das concessões ainda está sendo
estudada, e não conseguimos avaliar quanto arrecadaríamos, porque é
incalculável. Há estradas, hidrovias, reservas para exploração do turismo. As
possibilidades são enormes. Temos duas consultorias especializadas em
infraestrutura e logística que estão montando um plano.
Um plano dessa magnitude exigiria a participação de
investidores estrangeiros. É claro. China, Canadá, Estados Unidos. Todos querem
investir. Os juros estão muito baixos no mundo todo e há uma enorme liquidez
circulando. O Brasil perdeu grandes oportunidades de atrair o investidor privado
nos últimos anos.
Bolsonaro já revelou ter restrições ao investimento chinês,
sobretudo nos setores mineral e agrícola. O senhor concorda? Ele mantém seu ponto de vista. Mas eu digo sempre a ele que
a força de um país hoje vem de sua capacidade tecnológica, de sua potência
comercial e de suas Forças Armadas. Nada disso está associado à exploração de
minério. Vamos trabalhar para destravar setores que têm limite de capital
estrangeiro. Também precisamos discutir a desvinculação das receitas. E desvincular
significa habilitar a classe política a fazer o que ela é paga para fazer:
aprovar verba no lugar certo.
Como assim? Em vez de haver um ministro do Planejamento dizendo para onde
vai o dinheiro, os deputados terão de aprender a votar o direcionamento dos
recursos para onde eles são necessários.
Mas isso implica mudança constitucional. Precisaríamos de uma emenda constitucional, sim, mas não logo
de cara.
Os deputados seriam responsáveis por todos esses recursos? Os próprios constituintes defendiam a descentralização de
recursos na esfera federal. Sempre que recursos foram centralizados, o Estado
corrompeu a classe política. Todos os heróis da redemocratização foram
aniquilados pelo Estado. Olhe onde o Lula está. O gasto público é o grande
vilão. Foi esse sistema centralizado que permitiu que Lula mandasse fazer um
estádio de futebol para o time dele, que desse dinheiro a ditadores simpáticos
a seu governo, que comprasse apoio de governadores, como Sérgio Cabral. É esse
poder absoluto, que chega a ponto de um grupo político desenhar os vencedores
do setor privado, que mina a democracia. A democracia não delega tantos poderes
a um indivíduo. É por isso que esse “Estado-máquina” precisa ser desmontado.
Porque, quando você descentraliza o poder, você resolve. O mote do nosso
programa é “mais Brasil, menos Brasília”. Vamos simplificar a estrutura
tributária e injetar na veia de estados e municípios, para que as pessoas vejam
o dinheiro irrigando o seu cotidiano.
O senhor considera que irrigar estados e municípios e
garantir apoio de alianças temáticas seria suficiente para assegurar
governabilidade, em caso de vitória? Tenho feito alguns movimentos para me antecipar. Eu tive, há
cerca de dois meses, uma conversa com o DEM, em que falamos justamente sobre
uma reforma política para que as alianças sejam em torno de programas
partidários a partir do ano que vem. Por exemplo: se um partido fecha questão
para apoiar a reforma que descentraliza recursos, quem votar contra está
expulso. O próprio DEM deu a isso o nome de “fidelidade programática”, e eu
achei lindo. Quando o partido foi criado, deixando de ser PFL, suas lideranças
me pediram que redigisse um programa liberal para o partido. Ou seja, ainda que
elas não estejam com Bolsonaro, eu acredito que defendam ideias de
centro-direita, como nós. O PSD de Guilherme Afif Domingos também. O Afif é um
liberal, desenhei o programa dele quando ele concorreu à Presidência, em 1989.
Ou seja, é um parceiro natural que pode trazer organicamente um PSD limpo para
essa aliança de centro-direita. O que prevemos, para governar, é uma aliança de
centro-direita conservadora nos costumes e liberal na economia. E repito:
Bolsonaro já disse que, se eleito, não governará mirando reeleição. Ele mesmo
diz: “Eu quero um mandato só para dar o exemplo, porque a reeleição faz mal ao
país”. O FHC errou lá atrás ao usar isso porque, a partir de então, todos os
presidentes passaram a governar para se perpetuar no poder.
O senhor tem todo um governo na cabeça. Bolsonaro, não. Se o
senhor sai do governo, acaba o governo Bolsonaro? Não acho. Ele tem sido muito generoso ao dizer que não tem
plano B. Ele fala isso para me prestigiar. Agora, se ele quiser um governo
liberal, é só levantar a mão que muita gente vem para ajudar. Affonso Celso
Pastore, Carlos Langoni, Gustavo Franco. Tem uma porção de gente que se atrai
pela economia de mercado. Para a bolha, eu posso ser importante. Mas 99% de
quem vota em Bolsonaro não está nem aí para mim. Querem ordem. Eu não me
atribuo grande importância porque ele já existia quando eu cheguei.
O que o faria não estar num possível governo Bolsonaro? Eu acredito num cenário de um sujeito chegando para acabar com a velha política, que foi condenada à morte pela Lava-Jato. Esse sujeito representa a ordem. Então, eu não vou me negar a dar a ele o progresso das ideias liberais para ajudar esse governo a acontecer. Estou com ele 100%. Agora, se a mídia detonar o cara, nenhum partido der governabilidade e ele mesmo não quiser fazer as reformas, o que eu vou fazer? Não sou suicida nem idiota. Estou lutando por uma grande visão. Se ninguém entender, como já aconteceu antes, paciência. No Plano Cruzado, quando eu dizia que tudo ia dar errado, me chamavam de Beato Salu (referência ao místico personagem da novela Roque Santeiro). Eu estou seguro da história que vislumbro. Tive a visão do Luciano Huck muito antes de Fernando Henrique, que chegou atrasado. Saí da bolha e vi o Bolsonaro subindo. Acho que estou no caminho certo. O Bolsonaro não está fazendo nada de errado. São os políticos que têm de se reinventar. Escutei algo parecido do Eduardo Campos pouco antes de sua morte. Perguntei por que ele não estava com Lula, como sempre esteve. Ele me disse: “Não sou santo, fiz política do jeito que todo mundo sempre fez. Só que não dá mais, isso vai acabar mal”. O cara era sagaz. Morreu.
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