Bolsonaro: uma arara azul
Eu nunca fui um fã de Bolsonaro. Tampouco venho fazendo
campanha para ele. Todavia, não há como não reconhecer um fato alarmante: ele é
o único candidato conservador, de direita, à Presidência da República, em
décadas! E isso não é pouca coisa. Bolsonaro, em que pese seu pouco preparo
intelectual, seu destrambelhamento ao debater e discursar, sua tendência a se
deixar emparedar pelo entrevistador (que sempre o coloca numa defensiva que lhe
desperdiça a palavra), é um elemento precioso a ser olhado e preservado, pois é
um espécime praticamente extinto. Olho para ele e a impressão que me dá é de
tratar-se de um raro exemplar que, por um acidente, escapou do arquivo morto do
laboratório que, paciente e impiedosamente, vem submetendo o Brasil a uma
delinquente engenharia social de esquerda.
Um experimento que a História está
farta de nos lembrar como sempre termina e, para que não restem dúvidas, nos
oferece na vizinha Venezuela um exemplo amargo, ao vivo e a cores -
predominantemente amarelo fome, cinza chumbo e vermelho sangue - de quais são
as consequências dessa sempre macabra aventura.
Uma democracia plena e sadia não pode prescindir da presença
de forças tanto de direita quanto de esquerda. Agir nos bastidores de forma a
privar sub-repticiamente uma dessas forças de seu lugar legítimo no jogo
político é falsear a própria democracia. Não obstante, é justamente isso o que
as esquerdas fizeram no Brasil das últimas décadas, demonizando a direita em
todos os seus aspectos, a ponto de praticamente bani-la do imaginário nacional.
Estabeleceu-se no país um senso comum socialista, de forma calculada e
gradativa, a ponto das pessoas não se darem conta de que foram condicionadas a
algo que, bem examinado, não as convém.
No entanto, elas sequer têm consciência
disso, tal a diabólica crueldade psicológica na implementação desse programa.
Dessa forma, todos os nossos partidos políticos são, hoje, de esquerda, assim
como têm sido de esquerda todos os candidatos à Presidência da República de
várias eleições, o que é inteiramente disfuncional. Como costumo dizer, o país
da bossa-nova inventou a "democracia de uma asa só", como se fosse
possível voar longe desse jeito: não é!
Os valores que Bolsonaro defende - e é preciso que se lhes
procure debaixo de toda a escura aura de desqualificação com que todo o
stablishment se empenha em envolver o candidato - são valores que construíram a
grandeza de todas as verdadeiras Nações do planeta: apreço pelas liberdades
individuais, pela democracia, pela família, pelos mercados livres, pela
religião, pelo estado de direito, por uma economia aberta e liberal, uma
educação de qualidade, sendo implacável com a corrupção, o crime e a
impunidade, justiça célere, defesa da propriedade e do território nacional,
tratando bandido como bandido, e tirando o protagonismo do desenvolvimento das
mãos pantagruélicas e burras do Estado, para devolvê-lo à sociedade, ao
contribuinte, àqueles que efetivamente pagam a conta e não vêm recebendo a
justa contrapartida de todo o esforço que dedicam à sua manutenção. Ou seja: o
que ele defende é um conjunto virtuoso de valores, exatamente o oposto do que
as esquerdas produziram nessas últimas décadas no Brasil.
A herança que recebemos das esquerdas é um país quebrado,
desempregado, onde a família se decompõe e todos os conflitos de minorias são
incentivados, dotado de um senso comum socialista disfuncional, injusto, onde
metade de toda riqueza passa - via ditadura fiscal - pelas mãos ineficientes e
inescrupulosas do Estado, onde mais de 60 mil pessoas são assassinadas
anualmente, toda a sua alta cultura foi implacavelmente destruída, e em cuja
vida grassam as piores máfias empresariais e partidárias, num festival de
horrores cívicos, bandalheira e impunidade. Diante de um homem como Jair
Bolsonaro - que recebe hoje todo o apoio da população, com chances reais de ser
eleito - as esquerdas atônitas e unidas obedecem a um único comado: destruí-lo!
Nessa segunda feira este homem foi entrevistado no programa
Roda Viva, um dos mais longevos da televisão brasileira, até recentemente bem
conduzido pelo jornalista Augusto Nunes e que agora passou a funcionar sob o
comando de Ricardo Lessa, um ex-militante do antigo grupo terrorista MR-8. E
foi como um ex-guerrilheiro do MR-8 que Lessa conduziu a entrevista a Jair
Bolsonaro, à frente de uma bancada de jornalistas que, em vez de abordar a
agenda do candidato para o eventual governo de um Brasil que se desenrola daqui
para a frente, fixou-se de forma patética no jazigo perpétuo da história
recente nacional, a exumar tudo aquilo que a Lei de Anistia se encarregou de
sepultar e exorcizar, com o objetivo claro de desqualificar e destruir a
perigosa ameaça que eles viam na pessoa daquele ex-capitão, e que a opinião
pública - cheia de escoriações e farta do país que a mistificação de esquerda
vêm solapando - escolheu para depositar suas esperanças de uma guinada mais que
tardia, imprescindível e inadiável à direita.
Ricardo Wildberger Lisboa.
*Super ameaçada de extinção, a ararinha azul é hoje o
pássaro mais raro e precioso da fauna brasileira, em cuja preservação e
reprodução estão concentrados os maiores esforços e investimentos ecológicos.
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