A extinção dos Professores
O ano é 2.025 D.C. - ou seja, daqui a oito anos - e uma
conversa entre avô e neto tem início a partir da seguinte interpelação:
Vovô, por que o mundo está acabando?
A calma da pergunta revela a inocência da alma infante. E no
mesmo tom vem a resposta:
Porque não existem mais PROFESSORES, meu anjo.
Professores?
Mas o que é isso?
O que fazia um professor?
O velho responde, então, que professores eram homens e
mulheres elegantes e dedicados, que se expressavam sempre de maneira muito
culta e que, muitos anos atrás, transmitiam conhecimentos e ensinavam as
pessoas a ler, falar, escrever, se comportar, localizar-se no mundo e na
história, entre muitas outras coisas.
Principalmente, ensinavam as pessoas a pensar.
Eles ensinavam tudo isso?
Mas eles eram sábios?
Sim, ensinavam, mas não eram todos sábios.
Apenas alguns, os grandes professores, que ensinavam
outros professores, e eram amados pelos alunos.
E como foi que eles desapareceram, vovô?
Ah, foi tudo parte de um plano secreto e genial, que foi
executado aos poucos por alguns vilões da sociedade. O vovô não se lembra direito do que veio primeiro,
mas sem dúvida, os políticos ajudaram muito.
Eles acabaram com todas as formas de avaliação dos alunos,
apenas para mostrar estatísticas de aprovação.
Assim, sabendo ou não sabendo alguma coisa, os alunos
eram aprovados.
Isso liquidou o estímulo para o estudo e apenas os alunos
mais interessados conseguiam aprender alguma coisa.
Depois, muitas famílias estimularam a falta de respeito
pelos professores, que passaram a ser vistos como empregados de seus filhos.
Estes foram ensinados a dizer “eu estou pagando e
você tem que me ensinar”, ou “para que estudar se meu pai não estudou e ganha
muito mais do que você” ou ainda “meu pai me dá mais de mesada do que você
ganha”
Isso quando não iam os próprios pais gritar com os professores
nas escolas.
Para isso muito ajudou a multiplicação de escolas
particulares, as quais, mais interessadas nas mensalidades que na qualidade do
ensino, quando recebiam reclamações dos pais, pressionavam os professores,
dizendo que eles não estavam conseguindo “gerenciar a relação com o aluno”.
Os professores eram vítimas da violência – física,
verbal e moral – que lhes era destinada por pobres e ricos. Viraram saco de
pancadas de todo mundo.
Além disso, qualquer proposta de ensino sério e inovador
sempre esbarrava na obsessão dos pais com a aprovação do filho no vestibular,
para qualquer faculdade que fosse.
“Ah, eu quero saber se isso que vocês estão ensinando vai
fazer meu filho passar no vestibular”, diziam os pais nas reuniões com as
escolas.
E assim, praticamente todo o ensino foi orientado para os
alunos passarem no vestibular.
Lá se foi toda a aprendizagem de conceitos, as discussões de
idéias, tudo, enfim, virou decoração de fórmulas.
Com a Internet, os trabalhos escolares e as fórmulas ficaram
acessíveis a todos, e nunca mais ninguém precisou ir à escola para estudar a
sério.
Em seguida, os professores foram desmoralizados.
Seus salários foram gradativamente sendo esquecidos e
ninguém mais queria se dedicar à profissão.
Quando alguém criticava a qualidade do ensino, sempre vinha
algum tonto dizer que a culpa era do professor.
As pessoas também se tornaram descrentes da educação, pois
viam que as pessoas “bem sucedidas” eram políticos e empresários.
(Autor desconhecido)
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