O Racismo Institucionalizado das Nações Unidas
por Judith Bergman
Original em inglês: The United Nations' Institutional Racism
Tradução: Joseph Skilnik
Simplesmente há uma acentuada métrica internacional de dois padrões e duas medidas sobre o que passa como racismo institucionalizado e o que não passa e isso precisa ser reconhecido.
No mínimo, é de se questionar se uma organização que faz da discriminação de só um país no mundo um de seus princípios operacionais... vale o seu custo exorbitante. Os Estados Unidos, por exemplo, como maior doador da organização, deram à ONU cerca de US$10 bilhões em 2018.
No mínimo, em vez de pagar compulsoriamente "um pouco menos de um quinto do orçamento da organização" a cada ano, tanto os Estados Unidos quanto a ONU, se sairiam bem melhor se os EUA pagassem pelo que desejam e recebessem pelo que pagassem. Já faz um tempão que a ONU deixou de ser uma força usada para o bem e está sendo usada, em primeiro lugar: para sustentar a maioria de déspotas antidemocráticos, que não prestam contas pelos seus atos e que não têm nenhuma transparência e, em segundo lugar: para perpetuar conflitos, em grande medida às custas dos contribuintes americanos.
Todos aqueles que realmente se preocupam com a erradicação da discriminação e do racismo deveriam perguntar a si mesmos, se o racismo é inaceitável em qualquer outro lugar, por que ainda é visto com naturalidade nas Nações Unidas?
À medida que as acusações de racismo "institucionalizado" existentes em organizações, profissões, universidades e instituições culturais continuam ocupando as manchetes, ninguém chama a atenção para o racismo institucionalizado das Nações Unidas (ONU).
O que é o racismo institucionalizado? A primeira resposta do Google diz: "racismo institucionalizado é uma forma de racismo integrado como prática normal na sociedade ou em uma organização".
Se for pesquisado o termo "racismo", o dicionário do Google trará a seguinte definição:
"preconceito, discriminação ou hostilidade dirigida a uma pessoa ou comunidade baseado em sua associação a um grupo racial ou étnico, quase sempre minoritário ou marginalizado".
A ONU conta como membros todos os países do mundo e todos são, aparentemente, iguais perante a lei internacional, a qual a ONU afirma respeitar. De acordo com a sua própria filosofia, portanto, todos os países membros da ONU deveriam ser tratados de forma equitativa pelos diversos órgãos da organização e serem julgados pelo mesmo peso e mesma medida. Se a ONU escolher a dedo única e exclusivamente a minoria de apenas um estado membro para ser condenado por supostas violações de direitos humanos, por exemplo, ao mesmo tempo ignorando completamente as documentadas violações de direitos humanos de uma legião inteira de estados membros, esse padrão de dois pesos e duas medidas equivaleria à sistemática discriminação ou "racismo" contra aquele país de acordo com a definição de "racismo institucionalizado" mencionado acima.
Essa forma sistemática de discriminação ou "racismo", é na realidade o que a ONU vem praticando por décadas a fio contra um país, no caso Israel, um minúsculo estado com cerca de 8,7 milhões de cidadãos, a grosso modo comparado a Nova Jersey (mais ou menos o tamanho de Sergipe) de uma população mundial total de 7,8 bilhões de pessoas:
A Assembleia Geral das Nações Unidas, o Conselho dos Direitos Humanos da ONU (UNHRC) e a Comissão dos Direitos Humanos da ONU aprovaram um grande número de resoluções e decisões contra Israel. De acordo com a UN Watch, uma Organização Não Governamental (ONG):
"a cada ano, a Assembleia Geral aprova cerca de 20 resoluções contra Israel e apenas 5 ou 6 contra a somatória do restante de todos os países do mundo juntos, no caso, uma contra o Irã, uma contra a Síria e outra contra a Coreia do Norte. A Assembleia Geral aprova zero resoluções contra sistemáticos violadores como Cuba, China e Arábia Saudita".
A discriminação é gritante demais para ser ignorada. Há 193 Estados Membros na ONU. Para que 20 resoluções sejam jogadas no colo do único país democrático no Oriente Médio, entra ano, sai ano, que na realidade respeita os direitos humanos e a equanimidade perante a lei e apenas e tão somente 5 ou 6 dos restantes 192 países, entre eles os maiores violadores da lei internacional como a China, Rússia, Coreia do Norte, Cuba, Venezuela, Arábia Saudita, Turquia, Nigéria e Irã, por si só diz muito sobre a profunda e enraizada forma de discriminação ou "racismo" patrocinado pelo Estado.
A China, país com 1,4 bilhões de habitantes, continua sendo o campeão mundial em execuções de acordo com a Anistia Internacional. O regime comunista chinês persegue implacavelmente as minorias étnicas e religiosas e priva seus próprios cidadãos dos direitos humanos mais básicos como liberdade de expressão, liberdade religiosa e liberdade de reunião, conforme relatado anteriormente pelo Gatestone Institute. Cada um desses direitos está consagrado nas convenções e declarações da própria ONU. Além disso, a China continua ocupando o Tibete, que ela invadiu em 1950, onde desalojou milhões de chineses étnicos a fim de "chinicizar" a região, em violação ao Artigo 49 da Quarta Convenção de Genebra, que declara que a força de ocupação não pode "deportar ou transferir parcelas da sua própria população civil para o território que ocupa." Muito embora a China seja o nº1 violador da lei internacional e um dos mais execráveis violadores dos direitos humanos, nem a Assembleia Geral, nem o UNHRC condenaram suas ações.
Há um sem-número de outros exemplos de Estados Membros da ONU que não cumprem nem ao menos uma fração dos tratados e disposições da ONU no que diz respeito aos direitos humanos, no entanto sequer são mencionados. O UNHRC não aprovou uma única resolução contra a Arábia Saudita, por exemplo, um país com mais de 33 milhões de habitantes que em grande medida continua vivendo segundo os padrões medievais de direitos humanos, apesar dos esforços do Príncipe Herdeiro Mohamed bin Salman de introduzir algumas reformas. No ano passado o reino bateu seu próprio recorde de execuções, segundo a Anistia Internacional, quando 184 pessoas foram decapitadas. A Arábia Saudita só decidiu acabar com as flagelações há poucos meses. O país do deserto, que ocupa a maior parte da Península Arábica, também continua operando o sistema de tutela masculina, que trata as mulheres como menores de idade, de modo que elas só podem viajar e desempenhar as tarefas mais banais, como requerer um passaporte, sob a supervisão tutelar de um homem.
O UNHRC não aprovou nenhuma resolução quanto aos direitos humanos contra o Egito , um dos 5 maiores algozes do planeta em 2019. Há incontáveis exemplos de países com históricos dos mais hediondos no tocante aos direitos humanos que não só não são mencionados pela ONU e pelos seus órgãos que cuidam dos direitos humanos, como também fazem parte do corpo desses órgãos, países como o Afeganistão, República Democrática do Congo, Nigéria, Paquistão e Somália, todos estes servem atualmente no Conselho dos Direitos Humanos da ONU.
Por outro lado, os pressupostos e inferidos crimes atribuídos a Israel são o pivô permanente da agenda do UNHRC, a assim chamada Agenda Item 7, de modo que quando o UNHRC está reunido, Israel é invariavelmente condenado. Nenhum outro país, independentemente da perversidade das violações dos direitos humanos, é o escolhido.
Israel também é o único escolhido a dedo em inúmeros outros órgãos da ONU como a UNESCO, que se pôs a sistematicamente mudar o nome de milenares lugares judaicos como se fossem lugares muçulmanos. À área do Muro das Lamentações, um muro de contenção, que é tudo o que resta do Segundo Templo Judaico que foi destruído pelas legiões romanas no ano 70 da era comum, foi dado o nome de "Praça Al-Buraq" pela UNESCO, em homenagem ao buraque que segundo os hádices islâmicos levou Maomé para o céu e o trouxe de volta. A UNESCO também trocou o nome dos lugares judaicos do Túmulo de Raquel em Belém e do Túmulo dos Patriarcas em Hebron como sendo "lugares palestinos." A UNESCO "lamenta profundamente" que Israel tenha se recusado a retirar os lugares da sua lista do patrimônio nacional.
Até a Organização Mundial de Saúde (OMS) da ONU, em sua reunião anual, designa uma agenda à parte, a número 14 a Israel. Nela, a cada ano, Israel é condenado como violador dos "direitos palestinos à saúde" nos "Territórios Palestinos Ocupados, incluindo Jerusalém Oriental e no Golã sírio ocupado".
A Comissão sobre o Status da Mulher da ONU (CSW) "dedicada à promoção da igualdade de gênero e empoderamento das mulheres", rotineiramente escolhe única e exclusivamente Israel para condenar por "violação dos direitos das mulheres", enquanto países como o Afeganistão, Síria, Somália e Irã, uns dos países mais perigosos do mundo para as mulheres sequer são lembrados. Não só não há nenhuma condenação à Arábia Saudita, onde as mulheres ainda são tratadas como menores de idade e onde ativistas pelos direitos básicos das mulheres enfrentam longas penas de prisão, como também em cima disso a Arábia Saudita ainda foi eleita para a CSW há poucos anos para ajudar na tarefa de "promover os direitos das mulheres".
Lamentavelmente, parece que quase todos os Estados Membros da ONU, exceto os Estados Unidos, acham esse tratamento discriminatório contra um único país do mundo ser uma coisa totalmente normal e consideram que é assim que as coisas devem ser. Simplesmente há uma acentuada métrica internacional de dois padrões e duas medidas aqui sobre o que passa como racismo institucionalizado e o que não passa e isso precisa ser reconhecido.
Ironicamente, o racismo institucionalizado contra Israel nas Nações Unidas desvia o foco dos países que precisam urgentemente serem minuciosamente investigados, o que provavelmente explica o seu sucesso. Países onde as mulheres gozam de pouquíssimos direitos ou de nenhum direito, onde políticos de oposição são torturados e jogados nas prisões ou assassinados e onde não há liberdade de expressão, esses deitam e rolam. No mínimo é de se questionar se uma organização que faz da discriminação de só um país no mundo, um de seus princípios operacionais, conforme institucionalizado nos itens da sua agenda permanente e os rituais de condenações, valem o seu custo exorbitante. Os Estados Unidos, por exemplo, como maior doador da organização, deram à ONU cerca de US$10 bilhões em 2018 .
No mínimo, em vez de pagar compulsoriamente "um pouco menos de um quinto do orçamento da organização" a cada ano, tanto os Estados Unidos quanto a ONU, se sairiam bem melhor se os EUA pagassem pelo que desejassem e obtivessem pelo que pagassem. Já faz um tempão que a ONU deixou de ser uma força usada para o bem e está sendo usada, em primeiro lugar: para sustentar a maioria de déspotas antidemocráticos, que não prestam contas pelos seus atos e que não têm nenhuma transparência e, em segundo lugar: para perpetuar conflitos, em grande medida às custas dos contribuintes americanos. O dinheiro poderia ser melhor utilizado, repatriando negócios americanos e protegendo o mundo livre dos desafetos mais predatórios dos Estados Unidos.
Ao fim e ao cabo, todos aqueles que realmente se preocupam com a erradicação da discriminação e do racismo deveriam perguntar a si mesmos, se o racismo é inaceitável em qualquer outro lugar, por que ainda é visto com naturalidade nas Nações Unidas?
Judith Bergman é colunista, advogada e analista política, ilustre Senior Fellow do Gatestone Institute.
https://pt.gatestoneinstitute.org/16366/racismo-nacoes-unidas
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