Todo mundo que conhece a história do atual presidente sabe que foi graças às camadas baixas e médias das Forças Armadas, principalmente os sargentos e suboficiais, que nos anos 80 o mesmo não foi excluído do Exército Brasileiro. Com o declarado apoio dos subtenentes e sargentos BOLSONARO ganhou de quebra vários mandatos parlamentares, sendo um de vereador e vários de deputado federal.
Segundo jornais dos anos 80, o todo poderoso general Leônidas Pires temia uma insurreição de graduados e baixa oficialidade caso Jair Bolsonaro fosse preso e expulso e por isso preferiu aplicar uma punição mais branda, permitindo que prosseguisse sua carreira na força terrestre.
Sempre ao lado de Bolsonaro, desde os anos 80, os suboficiais e sargentos acreditaram que agora, com o capitão na presidência do país, esse seria o momento em que finalmente iriam conseguir pelo menos reparar as seguidas perdas salariais acumuladas ao longo das últimas décadas.
Todavia, a esperança foi por água abaixo logo no primeiro dia após a apresentação do projeto da reestruturação das carreiras, o texto apresentado pelo General Fernando Azevedo foi sentido pelos militares da reserva como um golpe forte, privilegiava os generais e algumas categorias de militares ainda na ativa. Praticamente TODOS os graduados na reserva, principalmente os prejudicados pela MP-2215/2001, que Bolsonaro prometeu anular, ficaram com defasagem salarial em relação a seus pares hoje na ativa.
…
Todas as pensionistas agora tem que descontar pensão militar, como se os maridos ainda estivessem vivos. Os militares são – comentam os graduados nas redes – a única categoria que emplacou um representante que legislou contra sua própria base.
A Defesa, sob o comando de Fernando Azevedo, incluiu ainda, numa clara tentativa de criar mais um privilégio para a cúpula, uma gratificação de representação somente para oficiais generais, que duraria até o fim de suas vidas.
O presidente foi informado sobre os problemas no projeto de lei, assessores ligados ao mesmo e a seus filhos – procurados por graduados no Rio e em Brasília – informaram à Revista Sociedade Militar que a coisa foi levada até suas mãos.
Ciente das muitas reclamações e tentativas de esclarecer o parlamento o Ministério da Defesa fez advertências contra graduados na reserva desde as primeiras semanas de tramitação. Uma das primeiras notinhas prometendo punições saiu ainda em março, soou como precipitada e um tanto quanto ameaçadora para os graduados que na reserva exerciam o seu direito de opinar em relação a um projeto de lei que tramitava na Câmara dos Deputados, a chamada casa do povo. Parte do texto dizia: “A abordagem distorcida e equivocada deste tema, além de inoportuna e atentatória aos preceitos da hierarquia e da disciplina, provoca especulações e dificulta a manutenção do equilíbrio necessário para as tratativas que estão sendo empreendidas.”
Veja:Nada mudou. Exército diz que “ABORDAGEM DISTORCIDA e EQUIVOCADA” fere a DISCIPLINA e HIERARQUIA
Um senador diz e repete com frequência em alto e bom som em lives e entrevistas que a defesa não cumpre a palavra e não há dúvida alguma de que isso provoca desgaste. A posto do ex-líder do governo, deputado Vitor Hugo, ter apresentado uma indicação parlamentar que – na visão de muitos – teve como único objetivo tentar acalmar os ânimos da tropa na reserva. Diante de tantas afirmativas nessa linha já se acredita que depois da manifestação de militares – programada segunda quinzena de outubro próximo – Azevedo pode ser convidado a colocar o pijama. De fato o Presidente da República não deve receber bem uma manifestação onde sua base de primeira hora, justamente militares, que desde os anos 80 o apoiam, exibirá faixas, cartazes e gritará palavras de ordem contra o Ministro da Defesa e contra o próprio governo.
Os graduados que organizam o ato em Brasília, segundo apurado, embora com o mesmo foco, que são as mudanças na lei 13.954, estão divididos em duas linhas principais de pensamento. Um grupo acredita que Bolsonaro deve ser responsabilizado e cobrado diretamente pela omissão na questão da reestruturação dos militares, já que faz promessas nesse sentido desde que era deputado e foi inclusive confrontado sobre esse assunto em frente a sua residência oficial. Acham que palavras de ordem bastante duras devem ser dirigidas diretamente ao presidente.
…
O segundo grupo acredita que o presidente não foi completamente informado sobre o que está ocorrendo e que, diante de tantos problemas no país, passou a responsabilidade para o Ministério da Defesa, que não estaria honrando o compromisso feito com senadores no que diz respeito aos graduados na reserva. Acham que a defesa sabe que errou em alguns pontos, mas que se nega a corrigir a coisa, abusando de sua grande influência sobre o governo Bolsonaro. Esse grupo de militares e pensionistas prefere evitar palavras de ordem dirigidas diretamente contra Jair Bolsonaro.
No que diz respeito à legalidade da manifestação os graduados tem consultado advogados e se escudam nos diplomas legais que garantem que militares na reserva podem se manifestar publicamente sobre qualquer assunto, desde que não seja de caráter interno e restrito às Forças Armadas.
Obviamente uma lei que foi discutida amplamente no Congresso Nacional jamais poderá ser considerada assunto de caráter restrito ou interno.
Nas redes sociais e grupos de whatsapp a lei LEI No 7.524, DE 17 DE JULHO DE 1986, que Dispõe sobre a manifestação, por militar inativo é uma das mais citadas.
“O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: Art 1º Respeitados os limites estabelecidos na lei civil, é facultado ao militar inativo, independentemente das disposições constantes dos Regulamentos Disciplinares das Forças Armadas, opinar livremente sobre assunto político, e externar pensamento e conceito ideológico, filosófico ou relativo à matéria pertinente ao interesse público...”
Criticar um ministro, militar ou não, que ocupa cargo civil jamais também é algo que se pode censurar. Fernando Azevedo, assim como o general Ramos – segundo o estatuto dos militares – sequer podem usar a designação hierárquica de general, já que exercem função de natureza civil, argumentam os graduados em conversas nas redes sociais.
https://www.sociedademilitar.com.br/2020/09/211-general-fernando-azevedo-e-acusado-de-fragmentar-as-bases-de-apoio-de-jair-bolsonaro-ministro-deve-ser-citado-em-inedita-manifestacao-de-graduados-das-forcas-armadas.html
Comentários
Postar um comentário