VENEZUELA: GOVERNO DE RORAIMA NEGOCIA ENTRADA DE 80 CARRETAS DE ALIMENTOS

Seria uma medida merecedora de aplausos, caso não tivesse a suspeita de negócio escuso e o seu componente criminoso. Trata-se da entrada de 80 carretas com alimentos para a Venezuela, na próxima quarta-feira.

Não é ajuda humanitária. É um negócio da China. Melhor: da Turquia. E com a intermediação do governo de Roraima, segundo denúncia feita pela advogada venezuelana Tamara Suju, defensora dos direitos humanos e com assento na Corte Penal Internacional.

O governo interceder para ajudar a combalida economia do estado é algo compreensível, é papel da gestão pública, e revelaria um altruísmo inquestionável, pelo caráter humanitário.

Não é o que estaria acontecendo, segundo a denunciante, porque as 80 carretas com alimentos seriam de uma só empresa - Supermercados Goiana -, cujo proprietário foi um dos financiadores da campanha do governador.

Pior ainda, segundo a advogada, é que os alimentos, a um custo muito elevando para os venezuelanos e destinados a empresas do país vizinho, teriam como destino final as Forças Armadas e as milícias que estão massacrando os opositores de Nicolás Maduro.

Tamara Suju insinua que o governo de Roraima estaria, com essa medida, corroborando a repressão aos indígenas da etnia Pemón e à população civil que protesta contra o governo.

A denúncia também será formalizada junto ao governo brasileiro e à Organização dos Estados Americanos (OEA) e poderá trazer complicações para o estado. Nela, a advogada afirma que o governo de Roraima sempre defendeu o fechamento da fronteira.

Como a Venezuela está com problemas de divisas em dólares, os alimentos que estariam entrando na quarta-feira seriam pagos em ouro. As minas de ouro do estado de Bolívar vêm sendo operadas por turcos. Só no mês passado, Roraima teria exportado 57 quilos de ouro, vindo da Venezuela, para a Turquia.

(Rui Figueredo-Jornalista)