COMO SE FAZ UMA CHANTAGEM


Hugo Studart

A sanha investigativa da Globo, do jornal O Globo e da Folha contra Flávio Bolsonaro tem um único objetivo: negociar um acordo de convivência. Jair Bolsonaro fez campanha prometendo quebrar dos dois grupos; assumiu prometendo idem; seus eleitores cobram a promessa. Então Globo e Folha reagem com a única arma que têm: jornalismo agressivo, tipo chantagem.

A rigor, observando com lupa, o Caso Queiroz é uma provável diatribe fiscal que, se comprovada, abriga uma desagradável fragilidade ética. O PT cobrava publicamente 30% em média dos salários dos aparelhados no governo – e a grande mídia nunca fez campanha contra a prática, exceto o jornal O Estado de S.Paulo. Na Câmara Federal, a prática da devolução de parte dos salários é generalizada. A PF investiga essa prática nas Assembleias Legislativas de 16 Estados. Mas só vazou até agora a do Rio de Janeiro.

Flávio é dos últimos no ranking. Mas é óbvio ululante que é o único que interessa à imprensa e aos eleitores pelo fato de o pai ter feito campanha presidencial pregando o combate a esse tipo de diatribe.

No mais, é bem provável que as notícias sobre Flávio e Queiroz venham a minguar caso o governo venha a aceitar um acordo de convivência com a grande imprensa. Até lá, será pau-puro. A outra opção é a de Bolsonaro buscar de fato quebrar a Globo e a Folha. É algo bem plausível; basta se retirar o tubo de respiração artificial das verbas publicitárias e, concomitantemente, cobrar as dívidas da Previdência, do BNDES e da Receita. Aí quebram!

Lembrando, ainda, que o Bradesco tem forte participação societária tanto na Globo quanto na Folha. Assim, o Bradesco é um vetor relevante a ser considerado.

Como é início de governo, Bolsonaro sem dúvida sobrevive a essa primeira tempestade, uma crise de reputação. Mas precisa administrá-la. O problema é que Bolsonaro, Flávio e seus assessores estão cometendo uma sucessão de erros. Perderam a oportunidade, por exemplo, de matar a crise na largada. Está sobrando improviso e faltando gestão racional e organizada dos problemas que surgem.

Faltam, também bons quadros especializados no Palácio do Planalto. Bolsonaro precisa com urgência de profissionais experientes de gerenciamento de crises de reputação.

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