Ponto de Vista
Como decano dessa faculdade, admitido em 01 de setembro de
1971, não posso nesse momento me calar e deixar de expressar que fico
extremamente feliz em constatar que há na nossa escola pessoas comedidas que
pensam e amam o Brasil sem o viés político-ideológico, como os professores
Marco Aguiar, Geraldo Furtado, Gustavo Carvalho, Hélio Costa, Adriana Azoubel,
entre outros.
Discordo dessa greve, como tenho discordado e não aderido a
todas as greves no setor público com as quais convivi em quase 50 anos de
serviço público. No que concerne os nossos pacientes, não se pode castigar
ainda mais uma parcela da população que não pode e não merece adicionalmente
ser castigada e no que concerne os nossos alunos, não se pode punir uma
juventude cujo curso tem se tornado cada dia menos operante, com uma formação
muito menos eficiente do que aquela que nós recebemos. Greves essas todas
orquestradas por aqueles que dizem defender as parcelas mais necessitadas da
nossa população.
Essa é uma greve inconsequente e aproveitadora. Não tenho
dúvidas que se o ‘poste’ tivesse sido eleito e medidas saneadoras e
moralizadoras tivessem sido adotadas, medidas essas que eu aplaudiria de
imediato, os democráticos de hoje sem nenhum comportamento patriótico e que
apostam no quanto pior melhor para as suas cores partidárias, certamente
ficariam calados. As universidades são autônomas, porém em nenhum lugar do
mundo prevalece a anarquia ou a destruição dos bens públicos sem a devida
punição.
Os democráticos de hoje que clamam por mais verbas para as
nossas universidades e para os nossos hospitais nunca vociferaram de revolta
quando os recursos que nos faltavam foram tragados na volúpia da corrução do
esquema que assolou a Petrobrás (e os que lideraram continuam sem fazer uma
‘mea culpa’). Os democráticos de hoje não gritam de revolta quando as reservas
do povo brasileiro depositadas no BNDES foram vilmente ‘emprestadas’ para
governos ‘sérios e democratas’ como os da Venezuela, Cuba, Nicarágua, Angola,
Moçambique ou Guiné Equatorial.
Os democratas de hoje de hoje e defensores dos direitos
humanos e das minorias nunca protestaram contra o cerceamento das liberdades
individuais como se observa na Venezuela, Cuba ou Nicarágua, ao contrário até
participam de posses de ditadores eleitos em eleições fictícias e fraudadas.
Contudo, rugem de forma assustadora quando um marginal com rifle na mão é
eliminado nas favelas do Rio de Janeiro.
Os democratas e defensores dos direitos humanos de hoje com
toda certeza não derramariam lágrimas e eu acredito que aplaudiriam se aqui
fosse instalada uma ditadura do proletariado aos moldes de uma república
bolivariana ou uma ‘democracia’ cubana.
Por fim, lamento profundamente que as lideranças
universitárias, e em especial a da nossa faculdade, tenham preferido se
posicionar ao lado do politicamente e eleitoralmente aparentemente mais
vantajoso, em um lavar de mãos digno de um Pilatos, do que assumir a
responsabilidade do academicamente adequado e em defesa do melhor interesse do
aluno e da grade de ensino.
Que Deus proteja esse nosso Brasil tão covardemente
assaltado por aqueles que dizem defender o povo.
Hildo Azevedo Filho
Professor Titular de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências
Médicas da UPE
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