BOLSONARO DIZ QUE PODE REVER POLÍTICA DA PETROBRAS E ESPERA QUE COAF CONTINUE NA JUSTIÇA
Por: Eulina Oliveira
São Paulo, 17/05/2019 - O presidente Jair Bolsonaro afirmou
nesta quinta-feira que pode rever a política de preços da Petrobras se não
houver prejuízos para a estatal. Ele deu a declaração na live semanal
transmitida por sua página no Facebook diretamente de Dallas, no Texas (EUA).
"O pessoal reclama do preço da gasolina a R$ 5 e me
culpam, atiram para cima de mim o tempo todo. O preço do combustível é feito lá
pela Petrobras. Leva em conta o preço do barril de petróleo lá fora, bem como a
variação do dólar. Lógico que se a gente puder rever isso aí sem prejuízo para
a empresa, sem problema nenhum, às vezes a política pode ter algum
equívoco", disse o presidente.
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que
acompanhou Bolsonaro na transmissão, afirmou que o preço dos combustíveis no
País só poderão ser reduzidos quando houver "maior produção, quando não
formos dependentes do petróleo que hoje em dia ainda continuamos exportando e
importando grande quantidade de diesel, gasolina e até etanol".
Em abril, o presidente determinou que a Petrobras desistisse
de aumentar o preço do diesel nas refinarias e a estatal cumpriu a ordem. O
ação de Bolsonaro foi vista como uma interferência indevida na empresa.
Albuquerque anunciou também que o governo iniciará os testes
com o cartão do caminhoneiro no próximo dia 20 de maio. De acordo com o
ministro, o cartão protegerá os motoristas das variações do preço do diesel no
intervalo de 30 dias.
Na live, Bolsonaro também afirmou esperar que o Congresso
aprove a medida provisória da reforma administrativa sem alterações, inclusive,
mantendo o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sob a tutela
do ministério da Justiça. Ele disse, no entanto, respeitar a decisão do
Parlamento caso os deputados decidam manter as alterações que já foram impostas
à medida.
Bolsonaro voltou a criticar manifestantes que foram
anteontem às ruas e disse que "não foi uma manifestação pela
educação" e sim um ato "patrocinado por uma minoria de espertalhões
usando a boa-fé de alunos que querem uma educação melhor também para fazer um
ato 'Lula livre'", afirmou.
O presidente também destacou que o governo depende
"muito" da aprovação da reforma da Previdência, em tramitação na
Câmara. "É uma oportunidade de ouro. Com ela, queremos mostrar para o
mundo que temos responsabilidade", disse. O governo prevê que a proposta
possa ter sua tramitação concluída no Congresso até o fim de julho.
Já o relator da reforma da Previdência na comissão especial
da Câmara, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), afirmou que tem como meta
apresentar seu relatório "no máximo" até a segunda semana de junho.
Em entrevista exibida pela GloboNews, Moreira observou que a proposta está no
período de recebimento de emendas parlamentares e que ainda será realizada uma
série de audiências públicas para debater aspectos específicos do texto.
Questionado sobre pontos da reforma que geram polêmica, como
as mudanças no BPC e na aposentadoria rural, o relator evitou cravar a permanência
deles no texto nessa etapa da tramitação. Contudo, avaliou que o BPC
"provavelmente" será mantido, mas como opcional ao beneficiário - que
decidiria pelo recebimento de R$ 400 a partir dos 60 anos, ou esperaria os 65
anos para começar já ganhando um salário mínimo
Moreira afirmou também que, embora a meta fiscal da reforma
(de R$ 1,2 trilhão em 10 anos) seja "boa", há pontos que
"atrapalham". Ele citou o sistema de capitalização, que ainda precisa
de esclarecimentos.
Telegráficas
BofA. O Bank of America (BofA) Merrill Lynch é mais uma
instituição do mercado financeiro a revisar para baixo sua expectativa para o
crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2019 e 2020 e para a
Selic este ano. O banco cortou sua projeção para o PIB este ano 2,4% para 1,2%
e, em função do carrego estatístico, a do ano que vem caiu de 3,0% para 2,2%.
"A economia está muito mais fraca do que o esperado em função do atraso na
aprovação da reforma da Previdência e de fatores estruturais, como a política
fiscal contracionista e maior desemprego estrutural", afirma relatório do
BofA. Na avaliação dos economistas do banco, um crescimento mais baixo abre
espaço para uma Selic menor do que os atuais 6,50%. "Esperamos cortes do
juro uma vez que a Câmara aprove a reforma no terceiro trimestre, com a Selic
alcançando 5,5% no fim do ano."
Mário Mesquita. Investidores internacionais em conferência
promovida pelo Itaú BBA em Nova York manifestaram preocupação com o ruído
político em torno da tramitação da reforma da Previdência Social no Congresso e
com a aparente perda de dinamismo do nível de atividade do Brasil, comentou
Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, em entrevista exclusiva ao
Broadcast. "A economia vinha crescendo pouco e parece que deixou de
crescer. O PIB do primeiro trimestre deve ter vindo negativo, por volta de 0,2%
para baixo, na margem", afirmou.
Reforma tributária. O presidente do Comsefaz (que representa
os secretários de Fazenda dos Estados), Rafael Fonteles, afirmou que os entes
da federação vão alinhar uma pauta consensual que tentarão emendar à reforma
tributária. Inicialmente, já se sabe que devem constar dessa lista que a gestão
e a fiscalização do imposto unificado sobre bens e serviços sejam capitaneadas
pelos governos regionais. Além disso, querem maior participação no bolo
tributário. Fonteles, que também é secretário de Fazenda do Piauí, explica que
a ideia é que a União perca gradualmente participação no tributo, ficando com
uma fatia menor que a atual. O imposto unificado deve reunir os atuais IPI e
PIS/Cofins, federais, ICMS (estadual) e ISS (municipal).
Flávio Bolsonaro. Ao quebrar o sigilo fiscal e bancário de
todos os ex-funcionários do gabinete do hoje senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ)
na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), a Justiça fluminense
acabou atingindo outros políticos da família Bolsonaro. Além dos oito
ex-assessores do presidente Jair Bolsonaro que estão na mira da investigação
por causa de Flávio, dois servidores que passaram pelo gabinete do vereador
carioca Carlos Bolsonaro (PSC) também tiveram a quebra de sigilo decretada.
Ligados ao ex-policial militar Fabrício Queiroz, pivô do caso Coaf, Márcio da
Silva Gerbatim e Claudionor Gerbatim de Lima já estiveram lotados nos gabinetes
dos dois irmãos que atuaram nos Legislativos estadual e municipal do Rio, como
mostrou o Estado em reportagem publicada em abril deste ano. A quebra de sigilo
investiga um suposto caso de "rachadinha", prática por meio da qual
funcionários devolvem parte do salário para o parlamentar que os nomeou, e
lavagem de dinheiro no gabinete de Flávio na Alerj, entre 2007 e 2018.
Vale. A Vale informou ontem à noite que segue monitorando 24
horas por dia a cava e a barragem da mina Gongo Soco, em Barão de Cocais (MG),
paralisada desde 2016. Mas cedo, a empresa havia informado às autoridades que
identificou movimentação no talude Norte da cava da mina, cujo eventual
deslocamento de material seria normalmente absorvido na cava. "Entretanto,
de forma preventiva, a Vale está avaliando as possibilidades de eventuais
impactos de vibrações, oriundas desse deslocamento, sobre a barragem Sul
Superior, distante aproximadamente 1,5 km da área do talude, o que levou a Vale
informar proativamente às autoridades competentes", disse a mineradora.
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