“Todo mundo sabia que aquele sítio era de Lula”, afirma Marcelo Odebrecht
Em depoimento nesta quarta-feira (7), o empresário Marcelo Odebrecht, afirmou que as reformas no Sítio de Atibaia, no interior de São Paulo, foram realizadas para “pessoa física” do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que toda família Odebrecht sabia que o sítio era do petista. Odebrecht firmou acordo de colaboração premiada e foi ouvido pela juíza Gabriela Hardt, substituta interina de Sérgio Moro nas ações da Operação Lava Jato.
“Eu soube a obra já estava em andamento, deve ter sido lá para o final de dezembro (2010). Em algum momento eu soube, não sei se por Alexandrino (Alencar, ex-executivo do Grupo Odebrecht), pelo meu próprio pai (Emílio Odebrecht) ou por alguém que eu me encontrei. Em algum momento eu soube, no início eu, inclusive, fui contra por razões específicas, eu até reclamei. Primeiro eu pensava que era uma exposição desnecessária, porque seria até então a primeira vez que estaríamos fazendo uma coisa pessoal para o presidente Lula”, disse.
Ao exemplificar a obra para Lula, Marcelo citou a aquisição do terreno para construção do Instituto Lula – fato em que o petista é investigado em outra ação no âmbito da Lava Jato, que está conclusa aguardando a sentença.
Lula é réu no processo referente ao Sítio de Atibaia por corrupção e lavagem de dinheiro. O petista é investigado por ter recebido vantagens indevidas da Odebrecht e da OAS em obras de melhorias na propriedade em troca de benefícios em contratos. Marcelo Odebrecht também é réu nesse processo.
Durante a oitiva, a juíza questionou se Lula “tinha ciência da reforma que estava sendo custeada em parte pela Odebrecht”. Marcelo foi enfático em responder: “Ah tinha, com certeza. E, olha, ele sabia que tinha. Eu não escutei isso de Lula, mas meu pai sempre deixou isso claro para mim que ele sabia que estava sendo custeado e dentro de casa todo mundo sabia que aquele sítio era de Lula”, ressaltou.
Marcelo disse que ficou preocupado quando o Grupo aceitou fazer as obras. “Quando eu vi lá, que eu soube, tinha um bando de gente trabalhando na obra. Quer dizer, a dificuldade de você manter isso em sigilo, em algum momento vazar, era enorme. Outra coisa, que é uma coisa mais pragmática, eu tinha uma discussão com meu pai, que o alinhamento que eu tinha com ele era de que tentasse todo acordo que ele fizesse com Lula passar pelo contexto da planilha Italiano. Quer dizer, o controle que eu tinha com Palocci, para que nós não pagássemos duas vezes”, explicou.
O ex-presidente Lula nega ser dono do sítio.
CONTRATOS COM A PETROBRAS
Marcelo falou sobre reuniões que o Grupo Odebrecht teria feito com o ex-ministro Antônio Palocci e o ex-presidente Lula. O empreiteiro disse que nessas reuniões nunca falou sobre contratos com Lula. “Foram os temas que achávamos relevante da relação, seja da Odebrecht com o Governo, seja da Odebrecht com outros países de Geopolítica brasileira, alguns temas que nós sempre levávamos para contribuir com o presidente de maneira institucional, com o país. Não foi nada a ver com contrato. Eu, pelo menos, penso que, meu pai também, nunca discutimos contratos, essas coisas, com os presidentes”, relatou.
Marcelo destacou que nunca tratou sobre o assunto Petrobras com presidentes, pois pensava que o tema deveria ser conduzido pelos executivos da petroleira. “Eu julgava que isso devia ser conduzido pelos executivos. Meu pai tinha uma visão um pouco diferente. Ele gostava do tema Petrobras, principalmente relativo à relação Petrobras com Braskem, então, ele costumava ter o tema Petrobras na agenda dele com o presidente. Não estou dizendo que se tratava nada ilícito, mas que o tema Petrobras de modo geral, estava na agenda com o presidente”, afirmou.
Questionado pelo Ministério Público Federal se ele sabia que seus líderes empresariais tinham que efetuar pagamento no interesse do PT, PMDB, PP, no âmbito das diretorias da Petrobras, Marcelo respondeu: “Eu seria ingênuo se eu dissesse que eu não sabia. Confirmo que eu tinha ciência”. Portal Paraná
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