Quem é Davi Alcolumbre, que se apresenta como anti-Renan, mas parece mais o seu espelho
Davi Alcolumbre, o senador que é estimulado pelo governo Bolsonaro a tentar barrar a eleição de Renan Calheiros para a presidência da casa, é um político que, em termos de suspeitas e acusações, não é muito diferente de seu oponente. Com uma diferença: por ser do baixo clero, tem um comportamento que não o recomenda ao exercício de nenhum cargo relevante, principalmente a chefia de um dos poderes da república.
Davi foi indiciado no inquérito que apurou desvios de verbas da Saúde em 2004, na operação que ficou conhecida como Pororoca. Ele era deputado federal e o indiciamento foi autorizado pelo Supremo Tribunal Federal.
Hoje, ele responde a acusações por crime eleitoral, segundo levantamento do site Congresso em Foco. Em processo no Tribunal Superior Eleitoral, vice-procurador geral eleitoral, Humberto Jacques de Medeiros, recomendou em abril de 2018 a cassação de seu diploma de senador eleito.
Ele foi acusado de usar notas frias na prestação de contas da campanha, em 2014, fato que o Tribunal Regional Eleitoral do Amapá reconheceu, mas entendeu que não era o caso de cassação. Para os desembargadores, não havia provas de que Davi Alcolumbre sabia dessas irregularidades, que são graves.
Não há notícia de que o recurso levado ao TSE contra a decisão TRE do Amapá tenha sido julgado.
Davi Alcolumbre, um dos poucos senadores sem curso superior, foi a favor de Aécio Neves nas duas vezes em que casos de suspeita de corrupção do ex-senador (hoje deputado federal) foram levados à votação.
Foi contra a cassação do seu mandato no Conselho de Ética do Senado e também apoiou Aécio na sua recondução ao Senado, depois que seu mandato tinha sido suspenso pelo Supremo Tribunal Federal.
Em 2005, quando ainda era deputado, assinou o requerimento para instalação da CPI dos Correios, mas recuou, numa atitude típica do baixo clero, de quem toma algumas decisões duras para abrir negociação e voltar atrás.
Ele teve o mesmo comportamento quando a Câmara dos Deputados ameaçou investigar a MSI e o Corinthians, num caso que poderia respingar na CBF.
Alcolumbre, que tem 41 anos, se elegeu vereador em Macapá em 2000, quando era filiado ao PDT. Dois anos depois, elegeu-se deputado federal, cargo que manteve com duas reeleições.
Em 2014, já no DEM, apresentou-se como o oponente ao grupo político de Sarney no Amapá e conseguiu uma cadeira no Senado, em eleição que foi contestada e é objeto de investigação por crime eleitoral.
Agora, na esteira do movimento contra Renan Calheiros e apoiado pelo governo Bolsonaro, tenta chegar à presidência do Senado.
O anti-Renan e seu discurso de moralização são tão autênticos quanto as fake news que o esquema de Bolsonaro produzem no subterrâneo da internet.
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