MINHA PERCEPÇÃO SOBRE AS ELEIÇÕES 2018
Tenho recebido algumas mensagens de amigos, que tem sentido
falta dos meus posts aqui no Face. Bom, primeiro, eu deixei de escrever, porque
eu acredito que seria desperdício de tempo, pois em um ambiente onde
"todos gritam, ninguém se ouve". Segundo, por motivos pessoais. Há
exatas 3 semanas, um professor que tive na faculdade faleceu subitamente. Ele
era uma pessoa inteligentíssima, e que fazia o Facebook valer muito a pena.
Depois do seu óbito, esse espaço perdeu muito do brilho e do encanto
proporcionado pelos posts diários que ele fazia.
Depois de passada a euforia da comemoração, eu não poderia
deixar de registrar as minhas impressões sobre o último pleito.
Primeiramente, a exemplo dos movimentos que culminaram no
impeachment de Dilma, as redes sociais exerceram, mais uma vez, um papel
fundamental no processo de politização e decisão do eleitorado brasileiro. Eu
brinco que se tivesse escolhido um curso de Ciências Humanas, eu certamente
faria um doutorado acerca da importâcia que as redes sociais tem nos processos
políticos. Sou de uma geração que nasceu e cresceu sob o domínio da TV.
Acompanhei a evolução das famílias que antes se reuniam nas salas de casa para
assistirem juntos a programação, depois cada um migrou para seus respectivos
cômodos, pois a TV alocou-se nos quartos de nossas casas e, por último, a TV
foi trocada por um smartphone. Mais uma vez, isso só prova que o monopólio da
TV foi completamente rompido à despeito das vaidades ostentadas pelos artistais
Globais.
Percebo que os políticos ainda vivem no século XX, pois a
maioria deles ainda não conseguiu perceber que a TV não é mais o meio de
comunicação mais importante no mundo. Quando vejo Geraldo Alckim fazer os
maiores conchavos políticos apenas com o intuito de aumentar seu tempo no
Horário Eleitoral Gratuito (que de gratuito não tem nada, né?), eu tenho a
certeza de que os políticos ainda vivem na era das cavernas. Tanta manobra
para, no fim, o homem que foi governador do mais importante Estado do país por
8 anos obter pífios 5 milhões de votos no primeiro turno.
Outro ponto importante: os políticos ainda acreditam que
existe uma relação direta entre dinheiro e votos. Acreditam que campanhas
milionárias - no caso do PT, bilionárias - resultam em mais votos. Pensam
assim, porque no jeito antigo de se fazer política, era necessário voar um país
de dimensões continentais de jatinho particular, abraçar falsamente os
eleitores, subir em um palanque com um sistema de som e distribuir santinhos
impressos em papel. Sem contar o dinheiro destinado ao pão com mortadela dos
militantes que sacodem bandeiras no sol quente dia após dia, o dinheiro que
freta ônibus para "garantir" o transporte do curral eleitoral, e o
dinheiro que vai dentro das camisetas que compram votos. Mas, o que os
políticos ainda não entenderam, é que o povo que se dobra a esse tipo de
"investimento financeiro" é cada vez menor. A grande massa de
eleitores quer mesmo é ouvir propostas dos seus candidatos. E não quer mais
ouvir promessas vãs.
Tenho certeza que o candidato derrotado ontem não está
entendendo de onde surgiram tantos votos para um candidato que não voou em
jatinho, não subiu em palanque e não distribuiu abraços e santinhos pelas ruas
do país. Não entende, primeiro porque ele faz parte de uma casta superior, que
vive em um mundo à parte e totalmente desconectado da realidade. Segundo,
porque ainda acredita que tempo de TV e malas de dinheiro - muitas vezes
oriundas de grandes esquemas de corrupção - são necessários para eleger
qualquer candidato.
O que esses políticos ainda não perceberam é que já estamos
no século XXI. Qualquer um que tenha um smartphone e uma rede 3G de internet
consegue ter muito mais penetração social do que quem anda de jatinhos e usam 5
minutos na TV aberta. Um candidato que fale o que a classe média precisa ouvir,
se não fizer grandes bobagens, está automaticamente eleito. Sabe por que?
Porque é a classe média que sempre paga a conta, e exceto em países socialistas
- onde todos são igualmente miseráveis e a classe média não existe - esse é
numericamente o maior extrato da população. É a classe média que sabe quanto
dói no bolso ter que pagar pela escola dos filhos, já que a escola pública cai
aos pedaços. É a classe média que sabe quanto custa um plano de saúde, que não
garante melhor qualidade de assistência na hora da doença, mas apenas oferece
que o enfermo consiga chegar até ao médico sem que tenha que esperar em longas
filas. É a classe média que vive aprisionada em seus condomínios residenciais e
pagando taxas exorbitantes para ter segurança, mas sem ter a certeza se uma
horda de bandidos vai invadir o seu prédio de apartamentos e fazer a limpa do
último ao primeiro andar.
O que vejo hoje? Políticos que vivem em suas bolhas, e são
totalmente desconectados com a realidade que a população vive cotidianamente.
Tomam champagne e comem caviar, voam de helicóptero, andam de carros blindados,
moram em mansões cinematográficas às custas de muito dinheiro de corrupção, e
depois não conseguem compreender porque tiveram uma votação tão inexpressiva.
Vou além. Alguns deles, como Manuela D'Ávila, pregam ferranhamente a ideologia
socialista, mas não perde a oportunidade de fazer o enxolvalzinho do bebê em NY.
Enquanto isso, no interstício eleitoral, o povo brasileiro assiste todo esse
espetáculo sórdido de seu smartphone comprado no cartão de crédito em 10 suaves
parcelas com juros.
Se tudo isso não é um acinte e um deboche com a cara do
cidadão, eu, sinceramente, então não sei mais o que é.
Assisti cada passo das eleições americanas em 2016. E vi os
socialistas de iPhone americanos tão perplexos com a vitória de Trump, que a
candidata derrotada não se dignou nem a aparecer em público para agradecer os
votos que obteve. E o que a eleição americana tem a ver com isso? Foi uma
ruptura de todos os paradigmas políticos. Um "outsider" que sempre
aparecia publicamente com a cara emburrada, mas falava sem rodeios exatamente o
que a classe média queria ouvir, se elegeu. Sem conchavos com redes de TV. Sem
conchavos políticos. Sem o velho toma lá, da cá. E o pior: acredita que em
menos de um ano esse cara foi capaz de cumprir suas principais promessas de
campanha?? Algo, até então, considerado absurdo para os velhos políticos
profissionais.
O que aconteceu ontem no Brasil foi uma reprodução quase que
fiel do que aconteceu nos EUA há 2 anos atrás. Uma classe média de saco cheio
de pagar as contas e sofrer as consequências da ineficiência do Estado, e
incapaz de acreditar no jeito velho de se fazer política e nas mesmas promessas
de sempre.
Li e ouvi muitas vezes, que Bolsonaro não teria apoio
parlamentar para governar e, por isso, não poderia eleger-se Presidente. Pois
saiba que politico é uma raça desgraçada, e dança direitinho conforme a música.
Principalmente, se eles souberem que estão sendo observados pelo povo. Então,
aqui vai o meu primeiro conselho. Não deixe de acompanhar os fatos políticos
porque a eleição acabou. Agora, mais do que nunca, devemos cobrar e exigir do
Congresso Nacional o apoio para aprovar as propostas do Presidente
eleito.
Li e ouvi muitas vezes, que o povo brasileiro, antes de se
preocupar em eleger um Presidente, deveria se preocupar em eleger deputados e
senadores corretamente. A esse comentário, eu só posso dizer que o Congresso
passou pela maior faxina eleitoral desde que esse país existe como República
Federativa do Brasil. Espero que sintam que as suas solicitações foram
atendidas! E saibam que Bolsonaro, diferentemente dos demais políticos que
ainda vivem no século XX, sabe muito bem que seus eleitores prestarão total
atenção no seu mandato, e que se ele, por algum motivo decepcionar, não será
reeleito. A exemplo de muuuuitos políticos que, já em 2018, não conseguiram se
reeleger.
Li e ouvi muitas vezes, que Bolsonaro era um candidato
despreparado. Quem diz isso, não tem a menor noção da rigidez acadêmica que
existe no preparo de um oficial militar. Vive de academicismos em um país onde
as Universidades caem aos pedaços, e professores doutrinam seus alunos
descaradamente, ao invés de se preocuparem em formar profissionais para o
mercado de trabalho. E sobre esse assunto, eu me sinto muito confortável para
falar com propriedade, porque trilhei toda a minha carreira acadêmica em Universidade
Federal, mas sem me deixar contaminar pela incoerência das ideologias ali
pregadas. E não é porque trilhei uma carreira acadêmica, que vou desqualificar
e desmerecer a formação que existe em outros centros de ensino fora da esfera
Universitária. Ademais, gostaria de responder às pessoas que diziam isso, que
Dilma graduou-se em economia, e foi capaz de quebrar de uma loja de R$1,99 à
oitava maior economia do mundo. Fiquem calmos! Pois o Brasil é um país saqueado
desde 1500. Ou seja, são 518 anos que esse país riquíssimo é diariamente
roubado. Pouquíssimos países no mundo poderiam se dar ao luxo de serem tão
roubados quanto o Brasil é, e ainda permanecer entre as 10 maiores economias do
planeta! Se o próximo Presidente não roubar os cofres públicos - como foi
roubado nas gestões anteriores - e tiver um grande economista como Paulo Guedes
à frente das decisões, vocês terão a oportunidade de ver o país decolar no
mercado interno e externo como nunca aconteceu na História dessa nação. E eu
não ando tão ruim de previsões. Lembram quando eu dizia que estávamos
testemunhando o melhor Presidente americano governar? Acho que não errei! ;)
Dentre tantas considerações que julguei importante, gostaria
de ressaltar que essa eleição entrará para a História do Brasil, como sendo a
eleição mais democrática até então. O povo estava atento às possíveis fraudes,
e não se calou. O monopólio das redes de TV - em especial, a Rede Globo - foi
quebrado. O monopólio milionário que retroalimentava os esquemas de corrupção
com a finalidade de perpetuação no poder foi também quebrado. E ainda
carregaremos a honrosa e inédita marca mundial de termos sido capazes de banir
o comunismo sem que uma guerra civil tenha sido declarada. Infelizmente, não
posso dizer que sangue não foi derramado, porque Bolsonaro quase pagou com a
própria vida para que hoje pudéssemos acordar com a esperança de, em breve,
termos um país mais justo, mais honesto e com o desenvolvimento social que a
oitava maior economia do mundo merece!
Demorou 39 anos. Mas a democracia brasileira finalmente
parece engatinhar.
É isso!
Alessandra M Campos
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