Quando Jair Bolsonaro dirigiu-se aos seus eleitores pela primeira vez após o resultado do primeiro turno das eleições ...
Quando Jair Bolsonaro dirigiu-se aos seus eleitores pela
primeira vez após o resultado do primeiro turno das eleições, no domingo,
somente um dos auxiliares que se reuniram em sua casa naquele dia o ladeava. À
direita do candidato à Presidência do PSL, o economista Paulo Guedes acompanhou
calado e sério o pronunciamento feito pelas redes sociais, no qual Bolsonaro
condenou os ideais comunistas e prometeu tirar o Estado "do cangote de
quem produz".Peça central da estratégia de Bolsonaro para convencer o
público de sua conversão ao liberalismo econômico, Guedes ganhou protagonismo
nas comunicações da campanha e autonomia para liderar discussões internas sobre
o programa. Do Rio, ele coordena 28 grupos temáticos que estão construindo as
bases do plano de um eventual governo de Jair Bolsonaro.
Cada um desses times tem um especialista de referência, que
a pedido do economista enviou sugestões ou passou a trabalhar diretamente
integrado à campanha. No total, são cerca de 30 colaboradores, entre doutores
em economia, professores, advogados, pesquisadores e integrantes de órgãos do
governo federal. Eles contribuem com temas que vão desde desestatização e
reforma tributária a meio ambiente e segurança pública. Há um grupo que versa
até sobre medidas de "apoio à família".
O núcleo duro é composto por economistas de confiança de
Guedes, que ganharam o status de coordenadores de suas respectivas áreas. São
eles Marcos Cintra, ex-deputado e atual presidente da Finep; Rubem Novaes,
ex-diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e
doutor em economia pela Universidade de Chicago; Carlos Von Doellinger,
ex-secretário do Tesouro Nacional; Carlos Alexandre da Costa, ex-diretor do
BNDES e doutor em economia pela Universidade da Califórnia; e Adolfo Sachsida,
pesquisador do Ipea e pós-doutor pela Universidade do Alabama. Com eles, Guedes
reúne-se semanalmente.
Novaes responde pelo grupo de desestatização. Doellinger
supervisiona as iniciativas para organizar as contas públicas e Orçamento.
Cintra coordena iniciativas em Ciência e Tecnologia e também as propostas para
a área tributária e trabalhista. Já Costa dedica-se a medidas de aumento da
produtividade e mercado de capitais. Sachsida atua em diversos grupos e passou
a exercer papel de assessoramento direto de Guedes, auxiliando, inclusive, no
recrutamento de colaboradores.
Diretrizes. Para montar as diretrizes macroeconômicas,
Guedes conta com sugestões de Mário Jorge Mendonça e Roberto Ellery, ambos
pesquisadores do Ipea e doutores em economia. Ex-secretário de João Doria
(PSDB) na Prefeitura de São Paulo, o advogado Paulo Uebel, mestre em
administração pela Universidade de Columbia, contribuiu com propostas para
desburocratização e reforma do Estado.
O desenho de programas para a área de infraestrutura, que
envolve ferrovias, rodovias e aeroportos, está a cargo de Paulo Coutinho,
professor da Universidade de Brasília (UnB) e doutor pela Universidade da
Pensilvânia. O plano para o setor de energia recebe a colaboração direta de
Luciano Irineu de Castro, professor da Universidade de Iowa e doutor pelo
Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA). Já a área de logística, recebeu
contribuições de Fabiano Pompermayer, pesquisador do Ipea e doutor em
engenharia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
'Apoio à família'. Os debates sobre saúde ganharam a
contribuição de Nelson Teich, oncologista e empresário. Já o plano para
relações exteriores tem recebido orientação de Marcos Troyo, doutor pela
Universidade de São Paulo (USP) e diretor do BricLab da Universidade de
Columbia. Pedagogo, Francisco Augusto da Costa Garcia foi procurado pelo grupo
de Guedes para auxiliar em medidas que estão sendo batizadas como de
"apoio à família", que incluem estímulo à adoção de crianças.
O trabalho de alguns desses grupos, como infraestrutura e
ciência e tecnologia, já está em processo de integração com discussões
conduzidas em Brasília pelos generais Augusto Heleno, Oswaldo Ferreira e
Aléssio Ribeiro Souto. Mas há iniciativas que ainda estão incipientes ou que
não há correspondentes diretos com o trabalho desenvolvido pelos militares. A
ideia, porém, é que ao final da eleição todos os debates convirjam para um
único documento.
Texto Jornalista Renata Agostini-11 OUT 2018
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