Está finalmente explicado o motivo pelo qual o deputado Jair Bolsonaro venceu o primeiro turno das eleições
JR GUZZO
Agora sim
Está finalmente explicado o motivo pelo qual o deputado Jair
Bolsonaro venceu o primeiro turno das eleições presidenciais de 2018. Não é
nada do que você pensa. A população nativa, na sua ignorância de sempre, estava
achando que Bolsonaro ganhou porque teve 18 milhões de votos a mais que o
segundo colocado. Imagine. Acreditar numa bobagem como essa só acontece mesmo
com brasileiro, esse infeliz que vive longe dos bons centros do pensamento civilizado,
progressista e moderno da humanidade, na Europa e nos Estados Unidos.
Obviamente, não temos o nível mental necessário para entender o que entendem os
jornalistas, cientistas políticos, sociólogos, filósofos e outros cérebros que
habitam o bioma superior de Nova York, ou Paris, e dão a si próprios a
incumbência de explicar o mundo às mentes menos desenvolvidas. Tome-se, por
exemplo, a televisão francesa. Ali eles sabem exatamente o que aconteceu no dia
7 de outubro no Brasil: Bolsonaro ficou em primeiro lugar na eleição por causa
do racismo brasileiro.
Racismo? Como assim ─ que diabo uma coisa tem a ver com a
outra? Os peritos da TV francesa explicam. A esquerda e o PT, nos governos do
ex-presidente Lula e de Dilma Rousseff, favoreceram a "inclusão dos
negros" no Brasil, e isso provocou a ascensão do ódio racial. Revoltados
contra os "progressos" que o PT deu para os negros, os racistas
brasileiros foram para o lado de Bolsonaro ─ e com isso aumentaram tanto os
seus votos que ele acabou ficando em primeiro.
Além disso, o "oficial do
Exército" (coisa que o candidato deixou de ser há 30 anos), recebeu o
apoio da elite rica. Aí fechou o esquema, resumem os comunicadores franceses:
somando brancos, racistas e milionários, Bolsonaro acabou com aquela votação
toda.
Nada disso faz o menor sentido, mas nenhum mesmo ─ a começar pelo fato de
que nem uma investigação do FBI seria capaz de descobrir o que, na prática,
Lula e Dilma teriam feito de bom, algum dia, para algum negro de carne e osso.
Como seria possível, num país onde apenas 40% da população se declara branca, a
matemática eleitoral favorecer quem não gosta de preto? Seria a maioria de
pardos e negros, então, que estaria promovendo a ascensão do ódio racional
contra si própria?
Também é um mistério de onde saíram 50 milhões de racistas
para votar em Bolsonaro ─ ou porque o candidato Hélio Lopes, conhecido como
"Hélio Negão" e deputado federal mais votado do Rio de Janeiro com
350 mil votos, foi um dos seus maiores aliados na campanha eleitoral. Para
piorar, além de negro retinto "Helio Negão" é sub-tenente do
Exército, pobre e da Baixada fluminense. Elite branca?
O Brasil seria um fenômeno mundial se houvesse por aqui uma
quantidade de ricos e milionários tão grande que conseguisse definir o
resultado de uma eleição presidencial. Não dá para entender, igualmente, porque
raios o candidato das elites faria a sua campanha de carro e a pé, enquanto o
candidato das massas populares, Fernando Haddad, anda de cima para baixo num
jatinho Citation Sovereign ─ um dos mais luxuosos do mundo, pertencente ao dono
bilionário das Casas Bahia através de sua empresa de taxi-aéreo. (Se Haddad
paga pelo aluguel já é ruim ─ de onde está saindo a fortuna necessária para
isso?
Se não paga é pior ainda.) Não dá para entender por que Bolsonaro não
teve um tostão para a sua campanha e o "reformador social" Haddad,
homem dos pobres, das massas miseráveis, dos sem-terra e sem-teto, das
"comunidades" e das minorias, da resistência ao capitalismo, passou a
eleição inteira nadando em dinheiro.
Não dá para entender como seria possível
existir no Brasil dezenas de milhões de "fascistas", e
"nazistas", e exploradores do "trabalho escravo", sem que
ninguém tivesse conseguido perceber isso até hoje. Não, não dá para entender
nada. Mas não esquente a sua cabeça; não é mesmo para você pensar em coisa
complicada. A imprensa internacional, que tudo vê e tudo sabe, está aí
justamente para explicar.
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