De onde Haddad poderá, ou poderia, tirar votos para conseguir virar o jogo?
Eliane Cantanhêde
Estadão
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As
últimas pesquisas foram recebidas com alívio, até com discreta comemoração, na
campanha de Jair Bolsonaro, do PSL, que não só continua liderando com folga
como mantém a diferença do fim do primeiro turno. Era de 17 pontos, agora é de
16. Ou seja, ele e Fernando Haddad, do PT, cresceram praticamente a mesma
coisa, 12 um, 13 o outro, o que cristaliza o favoritismo de Bolsonaro. Só o
“imponderável”, ou uma “hecatombe”, tiraria a vitória do capitão.
O
pior já passou. Esse é o clima entre os bolsonaristas, que esperavam
ansiosamente as primeiras pesquisas, temendo uma transferência maciça de votos
de Ciro Gomes (PDT) para Haddad. Ciro ficou em terceiro lugar, com 12%, e isso
poderia reduzir significativamente a distância entre o capitão e o petista. Mas
não aconteceu e Ciro logo voou para o exterior.
ARITMÉTICA –
No PT, a conta é a seguinte: com 16 pontos de diferença, basta mudar oito
pontos para um empate. Aritmeticamente está certo, porque, se um voto sai de um
para o outro, a diferença entre eles cai dois pontos. Mas a questão não é
aritmética, é político-eleitoral. E, aí, a conta não fecha. Numa eleição
radicalizada como a atual, dificilmente haverá uma migração de votos de
Bolsonaro para Haddad ou de Haddad para Bolsonaro. Quem votou num não vota no
outro de jeito nenhum.
Logo,
o desafio do PT para dar a volta por cima não é tirar voto do adversário, mas
pescar votos dos candidatos derrotados. O principal deles é Ciro, porque teve
mais votos e porque 70% dos seus eleitores, segundo o Datafolha, tendem a votar
em Haddad.
E ALCKMIN? –
Em seguida vem Geraldo Alckmin, do PSDB, que chegou em quarto lugar, com menos
de 5% dos votos. Para piorar, 54% dos seus eleitores, segundo a pesquisa,
preferem Bolsonaro a Haddad. O resto é o resto, inclusive Marina Silva, que tem
peso simbólico, mas perdeu relevância eleitoral, ao cair do segundo para o
oitavo lugar, com 1%.
A
pergunta que não quer calar, portanto, é: de onde Haddad poderá, ou poderia,
tirar votos para virar o jogo?
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