Venezuela, Cuba e Moçambique devem mais de R$ 2 bilhões ao BNDES

Verba foi liberada para financiar obras de infraestrutura. Contratos estimados hoje em quase R$ 14 bilhões foram assinados durante os governos Lula e Dilma.

Venezuela, Cuba e Moçambique acumulam dívidas de mais de R$ 2 bilhões em empréstimos concedidos no Brasil pelo BNDES.

O dinheiro foi liberado pelo BNDES para financiar obras de infraestrutura na Venezuela, em Cuba e Moçambique. Os contratos - estimados hoje em quase R$ 14 bilhões - foram assinados durante os governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

As parcelas das dívidas em atraso somam R$ 2,3 bilhões, segundo reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo”, informação confirmada pelo banco ao Jornal Nacional.

Essas operações funcionam da seguinte maneira: o BNDES desembolsa recursos no Brasil, em reais, para a empresa brasileira responsável pela obra ou pela exportação de bens e serviços ao país estrangeiro.

Quem paga o financiamento, com juros em dólares, é o país que ganhou o empréstimo. A Venezuela recebeu dinheiro para construir uma usina, um estaleiro e o metrô de Caracas; Cuba modernizou o porto de Mariel; e Moçambique investiu num aeroporto e numa hidrelétrica.

As obras nesses países foram realizadas pelas construtoras Odebrecht e Andrade Gutierrez, que confessaram participar de esquemas de corrupção no Brasil na Operação Lava Jato.

Moçambique começou a atrasar as parcelas em 2016 e já deve R$ 456 milhões em valores atualizados; Cuba, R$ 232 milhões; a Venezuela tem a maior dívida: R$ 1,6 bilhão.

Os empréstimos a esses países estão cobertos pelo Fundo de Garantia à Exportação, vinculado ao Tesouro Nacional. Mas como as perdas não estavam previstas no orçamento, o governo brasileiro teve que retirar em 2018 R$ 1,3 bilhão do Fundo de Amparo ao Trabalhador para devolver ao BNDES.

Armando Castelar, coordenador de Economia Aplicada da FGV/Ibre afirma que as operações eram consideradas de risco elevado.

“É resultado de ter emprestado por uma motivação puramente política para países que tinham risco de crédito muito alto e nós, os contribuintes, botamos o dinheiro de volta com os impostos que a gente paga para o governo federal”, explicou.

O presidente do BNDES, Joaquim Levy, que não quis gravar entrevista, anunciou que o banco não vai mais fazer empréstimos a governos estrangeiros.




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