Revelações contra Flávio Bolsonaro são graves

Detalhes de movimentações financeiras do filho do presidente geram situações difíceis de explicar no curto prazo.

Por Ricardo Corrêa

19/12/19 - 03h00

As informações já reveladas sobre a investigação, que oficialmente é sigilosa, envolvendo atividades e supostas irregularidades de Flávio Bolsonaro, alguns de seus assessores e parentes da família presidencial são devastadoras para o senador. Ao que parece, a operação de ontem do Ministério Público do Rio de Janeiro é só mais uma pequena peça de um quebra-cabeças muito maior.

Só ontem foi revelado que, segundo o MP, parentes da ex-mulher de Bolsonaro sacaram R$ 4 milhões em salários da Assembleia legislativa do Rio de Janeiro; que Flávio e a esposa usaram dois imóveis para lavar dinheiro de rachadinha"; que a loja de chocolates do senador também recebeu recursos e pode ter sido usada para lavar dinheiro; que um PM investigado pagou a prestação do apartamento do filho do presidente da República, mesmo ganhando um terço do valor do boleto; que a esposa e a mãe de um miliciano procurado repassaram R$ 203 mil a Fabrício Queiroz; e que o ex-assessor recebeu R$ 2 milhões em 483 depósitos feitos por assessores de Flávio.

Em meio a todas essas suspeitas, com documentos, extratos bancários e detalhamento de movimentação financeira, é difícil demais para Bolsonaro dizer que a família é vítima de armação. Ao fazê-lo assemelha-se aos petistas que, atolados em provas de condutas irregulares de diversas de suas principais figuras políticas, negam o óbvio.

Responder de forma rápida a cada uma dessas acusações parece, a essa altura, missão quase impossível para a família presidencial. Entre os aliados, há certeza de que um enorme desgaste está por vir. A dúvida é se o presidente continuará sustentando a tese de perseguição e, com isso, enfrentando o desgaste ao lado do filho até o fim, ou se vai entregar sua cabeça, pedindo que ele renuncie à função de senador para estancar a sangria. Nenhuma das duas saídas resolve o problema para o presidente, mas a segunda é mais fácil de explicar para seu eleitorado.