China comissionou o ‘Shandong’ (CV 17), seu segundo porta aviões
PEQUIM — O poderio militar chinês ganhou um novo símbolo: seu segundo porta-aviões, o primeiro de fabricação 100% nacional, entrou em funcionamento nesta terça-feira, segundo o canal estatal CCTV. O anúncio vem em meio ao acirramento da rivalidade com os Estados Unidos no Pacífico e impasses no Mar do Sul da China, que aparentam estar cada vez mais distante de uma solução.
A apresentação oficial do Shandong, nome do navio, ocorreu em uma cerimônia na base naval da cidade de Sanya, na ilha de Hainan, sul do país. Além de 5 mil integrantes da Marinha e dos construtores da embarcação, estiveram presentes também o presidente Xi Jinping , que inspecionou a embarcação, e diversos membros da alta cúpula de Pequim.
O novo porta-aviões, que até o momento era conhecido como Type-001A, cruzou o Estreito de Taiwan para conduzir “testes científicos e treinamento de rotina”, indo para o Mar do Sul da China no mês passado. A embarcação, cuja construção começou em 2013, estava prevista para ser entregue em abril, o atraso, segundo o jornal South China Morning Post, sugere que houve problemas técnicos. Seu primeiro teste no mar aconteceu em maio de 2018.
O Shandong é um porta aviões com propulsão à diesel (não nuclear) e pode embarcar 36 caças, segundo a imprensa chinesa. Ele é mais uma prova do aumento da força militar do país asiático, que já é a segunda maior potência militar do mundo, ainda bem atrás dos Estados Unidos.
Com esse novo porta-aviões, a China assegura uma posição de presença visível, potente e durável, disse à AFP James Goldrick, especialista em forças navais da Universidade Nacional Australiana.
– A China quer proteger seus navios de mercadorias, em particular as vitais cargas energéticas provenientes do Oriente Médio.
Até esta terça-feira, a China possuía apenas um porta-aviões em atividade, o Liaoning (CV 16). A embarcação, que entrou em atividade em 2012, havia sido construída pela União Soviética e comprada junto à Ucrânia. Este comissionamento coincide com um momento no qual Pequim reivindica com maior veemência suas pretensões territoriais no Mar do Sul da China. Argumentando ser uma presença mais antiga na área e utilizando seu poderio militar para afirmar sua posição, o governo chinês disputa com outros países (Vietnã, Filipinas, Malásia e Brunei), o controle de ilhas e ilhotas da região.
Nesse contexto, e para desafiar as ambições de Pequim, os Estados Unidos enviam regularmente navios de guerra para o Mar do Sul da China e, especificamente, para a costa de Taiwan. Segundo os EUA, isto é feito em nome da “liberdade de navegação”, algo entendido pelo PC como provocação.
A alocação do porta-aviões na cidade de Sanya, no sul do país, é uma tentativa de deter forças pró-independência em Taiwan, segundo uma fonte militar ouvida pelo South China Morning Post. A ilha de Taiwan, para onde os nacionalistas fugiram depois da vitória comunista na guerra civil, em 1949, permanece politicamente separada da China continental há 70 anos e Pequim a vê como um “território rebelde”.
— Este novo porta-aviões será uma grande ajuda para manter a soberania nacional, integridade territorial e segurança [frente à Marinha dos EUA], disse o especialista militar chinês Song Zhongping.
Com dois porta-aviões em serviço, Pequim ainda está longe dos Estados Unidos, com 11, mas supera Rússia, França, Índia e Reino Unido *(todos com um), aponta Nick Childs, especialista em forças navais no Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS) de Londres.
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