Militares programam manifestação contra lei sancionada por Bolsonaro. Ato deve irritar cúpula das Forças Armadas
“Número de participantes previstos, de 400 a 600… haverá necessidade de interdição de via pública… o carro de som ficará estacionado…”, diz um trecho do documento protocolado em várias instâncias estaduais e municipais no Rio de Janeiro.
Os militares das Forças Armadas pretendem realizar em 16 de dezembro de 2021 um ato repudiando a lei 13.954/2019. Pensionistas de Polícia Militar e Bombeiros também têm se posicionado a favor da manifestação e podem engordar o grupo, que deve se deslocar da Igreja Candelária até a rua visconde de Inhaúma.
A norma sancionada em 2019 pelo presidente Bolsonaro, conhecida como reestruturação das carreiras, tem gerado polêmica desde sua apresentação ao Congresso Nacional. Após tramitação conturbada e aprovação sob condição de rediscussão, a lei tem sido alvo de vários processos e – por último – a Revista Sociedade Militar revelou documentos que mostram que parlamentares e militares contrários à aprovação foram monitorados em uma operação restrita realizada pelo Exército Brasileiro. Após acompanhar passos de parlamentares nas redes sociais o Exército traçava estratégias e usava influenciadores para tentar manipular a opinião pública.
Vários parlamentares têm solicitado ao Ministério da Defesa explicações sobre o caso e a coisa já causou uma discussão acirrada entre o general Braga Netto e parlamentares em comissão na Câmara. Braga Netto acabou sendo repreendido por deputados por, aparentemente descontrolado, se exaltar e gritar quando foi-lhe dado oportunidade de se explicar.
Em 2019 a DEFESA chegou a advertir militares contra manifestações coletivas, mas ainda assim ocorreram diversos atos. Militares na reserva argumentam que a lei lhes permite a manifestação do pensamento. Desde a aprovação da lei vários militares que participaram dos atos têm sido convocados para responder sob alegação de possível contravenção disciplinar, o que demonstra que as manifestações de insatisfação irritam bastante os generais.
Líderes de associações também já foram chamados, mas aparentemente as ameaças não têm intimidado a categoria.
Abaixo o documento protocolado no QG da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. O documento protocolado circula pelas redes sociais de militares das Forças Armadas.
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