A ARMADILHA DO STF
Penso que *o STF caiu numa armadilha.*
*O Congresso,* que depende de votos para sobreviver, *ao que
parece transferiu-lhe, em comum acordo,* o protagonismo *da destituição de
Bolsonaro.*
E o STF acreditou que o destino bate a sua porta para
“salvar o Brasil do fascista genocida Bolsonaro”, mesmo que ele tenha sido
eleito e goze de apoio popular.
E para isso, dada a nobreza da causa, tudo é válido,
inclusive rasgar a Constituição que deveria defender, invadindo competências da
PGR e do Executivo, promovendo a censura, reprimindo a livre expressão e
invadindo residências.
Os deuses do Olimpo Jurídico, mais do que nunca, estão na
plena certeza de que tudo podem e que resta aos brasileiros e ao Poder
Executivo, servilmente, se-lhes-submeter.
Inebriados pela crença na própria superioridade em relação
aos mortais, como os “Luíses de França”, acreditam-se ungidos por direito
divino e, portanto, inatingíveis e inquestionáveis pelos mortais. Julgam-se
Luís XIV, o “Rei-Sol”, esquecendo-se que também houve um Luís XVI, que *se
descobriu um reles mortal quando a guilhotina decepou-lhe a cabeça.*
Vivem numa “Caverna de Platão ideológica”, totalmente
segregados do povo, povo este em que grande parcela – parcela inaceitável –,
muitas vezes nem arroz e feijão tem para comer, quanto mais as lagostas e
vinhos premiados servidos naquela “caverna” e pagos pelo contribuinte.
Suas canetas são armas muito mais poderosas que mísseis
nucleares, *pensam.*
Bem mais poderosas, inclusive, que armas
verdadeiras.
E isso ficou evidente em 27/05/2020, quando Alexandre de
Moraes, o “xerife” do STF, para mostrar poder e ameaçar o Executivo, manda
invadir residências e intima deputados para depor, todos ligados a
Bolsonaro.
E isso não foi isolado. Vem na sequência de atitudes
semelhantes de Celso de Mello e do próprio Moraes, nas últimas semanas, o que,
obviamente, pressupõe apoio velado dos demais ministros.
*Ou seja, o STF está empenhado em mostrar ao Planalto que
tudo pode e que irá atropelá-lo.*
E também irá atropelar aos militares, isso demonstrado
quando o “decano” ameaçou militares-ministros de “condução sob vara”.
Essas atitudes autoritárias e desmedidas, contudo,
*colocaram a Suprema Corte em situação de elevado risco, pois a tornaram o
centro de gravidade da crise.*
Se conseguirem se impor, como estão conseguindo, criam
condições legais – por eles mesmos assim decididas – para destituir o
presidente e prender seus familiares e ministros.
Por outro lado, como protagonista de direito e não de fato,
e detentor de elevada rejeição popular, *o STF, se confrontado e desobedecido
pelo Executivo, será completamente desmoralizado e descobrirá que somente
poderá recorrer às Forças Armadas para impor sua autoridade.*
Sim, *as mesmas Forças Armadas cujos generais são tratados
pelos sábios e ilibados ministros como meliantes.*
*A população certamente apoiará a desobediência ao STF,* ou
melhor, está ansiosa por isso, *motivo pelo qual o Congresso, que também está
completamente desmoralizado perante a sociedade,* não conseguirá sustentá-lo,
como ambos planejaram.
Assim, uma janela de oportunidade para a completa
reformulação da Corte Suprema, com a responsabilização legal pelos abusos de
autoridade cometidos, estaria aberta.
E, na sequência, chegaria a vez do Congresso ser depurado.
Porém, da mesma forma que o STF, hoje, é o centro de
gravidade da oligarquia que se instalou no poder com a Constituição de 1988, o
Executivo faz o mesmo papel no que tange à consolidação das novas práticas
políticas e de administração pública pelas quais os brasileiros optaram nas eleições
de 2018.
Entretanto, a radicalização de ambas as partes atingiu o
nível de não retorno.
Quando Bolsonaro passar a faixa presidencial, destituído *ou
legalmente substituído, Legislativo e Judiciário, se permanecerem nos moldes
atuais, articularão sua prisão, de seus familiares e de seus colaboradores.*
Será instalada uma “comissão da verdade” informal.
A oligarquia da Nova República e Bolsonaro são mutuamente
excludentes. Se um existir, o outro não sobrevive, em função da contradição de
interesses vitais.
Essa oligarquia, há muito, sabe disso e está colocando em
prática as ações para a destituição do Presidente que, pelas declarações de
ontem, 28/05/20, também já entendeu, mas precisa agir antes que a população
perca o entusiasmo e passe a vê-lo como um fraco, e não como o Bolsonaro que
elegeram para “arrumar a casa”.
Nesse contexto, o STF se colocou numa armadilha, pois, sua
única opção é destituir um presidente com suficiente apoio popular para
ignorá-lo ou mesmo destituir todos os seus ministros.
Mas, e o Congresso?
Vai poder escolher entre “abrir diálogo” com o Executivo ou
seguir o mesmo caminho do STF.
O autoritarismo que vem sendo praticado pelo STF está
mobilizando a população para “passar o Brasil a limpo”.
Fábio Sahm Paggiaro – Msc Ciências Aeroespaciais
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