Na época do Regime Militar ...
No regime militar, o general presidente Ernesto Geisel demitiu seu ministro do Exército, general Silvio Frota, e também o comandante do então 4º Exercito, em São Paulo, general Ednardo Mello D'Ávila, por telefone. E ainda deu ordem de prisão para Silvio Frota. Sabem quem era o ajudante de ordens de Silvio Frota, portanto testemunha desse fato histórico?
Sim, era o general Augusto Heleno, hoje na chefia do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Não é de estranhar que o presidente Jair Bolsonaro tenha demitido o ministro da Defesa,, Fernando Azevedo e Silva. Cobrou dele a punição dos generais do Exército que haviam anunciado a realização no dia seguinte de reunião para emitir nota de apoio à ordem institucional.
Vale dizer, seria uma nota favorável aos golpistas do Supremo. Fernando Azevedo e Silva, ex-assessor do capa preta no Supremo Tribunal Federal, era o comandante dessa tropa de insubordinados. Bolsonaro não o demitiu por telefone, como fez Ernesto Geisel com Silvio Frota e Ednardo Mello D'Ávila. Chamou o general Braga Neto, nomeou-o ministro da Defesa para assumir no ato, e com ordem de chamar imediatamente os comandantes das três forças e dar voz de demissão para os três. De uma tacada, Jair Bolsonaro desarmou o cirquinho montado pelos capas pretas nas Forças Armadas.
Deu um pijama para cada um e mandou para casa um monte de generais formados no regime petralha, promovidos no regime petralha, com noções de lealdade com a petralhada e sua constelação de asseclas. A seguir, na última sexta-feira, Jair Bolsonaro, junto com o novo ministro da Defesa, Braga Netto, e o novo Comandante do Exército, presidiu a solenidade de promoção de generais de Brigada, Divisão e Exército. Foi uma penca de oficiais novos promovidos. E comissionados para comandos de unidades militares importantes.
Foi uma varrida espetacular. Com toda certeza, uma multidão de gente na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, ficou estupefata, e passou a coçar a orelha intensamente. Os recados foram passados por toda a Praça dos Três Poderes. E a ensaiadinha de Barroso acaba de levar um retruque de bom tamanho.
Os capas pretas, certamente, estão agora queimando neurônios, fazendo exercícios de hermenêutica, para descobrir como irão aliviar a crise que detonaram com toda desenvoltura, achando que seria fácil derrubar o Presidente da República. Essa gente tem mania de ignorar a história, de apagar a memória, desprezando os ensinamentos desse passado que nem é tão distante. Agora pensarão mais detidamente.
E ainda tem pela frente a nomeação do novo ministro do Supremo Tribunal Federal, que será nomeado por Bolsonaro para o lugar que Marco Aurélio Mello deixará vago no começo de junho. Já imaginaram se desta vez chega no Supremo um ministro "terrivelmente evangélico"?
E, para encerrar esta sequência de movimentos do xadrez do Poder, o mandado de segurança do senador Kajuru, para obrigar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, a instalar o processo de impeachment do xerife da Suprema Corte, Alexandre de Moraes, caiu nas mãos de Kassio Nunes Marques para relatar. Tudo pode acontecer, mas os golpistas de todos os quadrantes já trataram de embainhar suas espadas.
Vítor Vieira,
Jornalista
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