A Mídia Americana Está Legitimando Ataques Terroristas na França?
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"Em certos distritos e na internet, grupos... estão ensinando o ódio à república aos nossos filhos, exortando-os a não respeitarem as leis do país. É isto que eu chamei de "separatismo"... Se não acreditam em mim, leiam as postagens nas redes sociais sobre o ódio que acabou na morte de Paty. Deem uma volta nos bairros onde as meninas de três ou quatro anos vestidas de burca, separadas dos meninos já muito novinhas, separadas do restante da sociedade, criadas no ódio aos valores da França". — Presidente francês Emmanuel Macron, Financial Times, 1º de novembro de 2020.
"Sou a favor do respeito às culturas, às civilizações, mas não vou mudar minha lei só porque causou espanto em outros lugares". — Emmanuel Macron.
De acordo com o jornalista americano Thomas Chatterton Williams, usar o termo "'ataque com faca' para retratar a decapitação é tão eufemístico que isto por si só já é uma forma de violência contra a língua propriamente dita".
Parece que a mídia anglófona vive num mundo alheio à realidade, alicerçada na perseguição e caça imaginária, procurando chifre em cabeça de cavalo, vê racismo onde não existe, sequer sabe que palavra usar quando ele aparece nas ruas da França para decapitar um professor.
No entanto, aparentemente, receosos de serem chamados de "racistas" e não de serem assassinados, como Samuel Paty, que eles optam pela autocensura. Para não parecerem covardes, chamam isso de "respeito"... A pergunta que não quer calar é: será que a mídia americana espera algum tipo de reciprocidade?
Não é por acaso que, em nome da "diversidade", no ano passado a mídia americana andou caçando e alfinetando jornalistas como James Bennett e Bari Weiss, que se demitiram do New York Times.
O Financial Times nunca entendeu como a França está se virando com o terrorismo extremista muçulmano e com a luta do país pela liberdade de expressão. Depois do massacre ocorrido na redação da revista Charlie Hebdo em 2015, Tony Barber escreveu no Financial Times que os jornalistas e chargistas massacrados eram uns "babacas". O artigo foi então modificado.
Recentemente, na mesma linha, aconteceu de novo. O jornal britânico retirou um artigo sobre as políticas anti-islamistas do presidente francês Emmanuel Macron. A matéria de Mehreen Khan: "a guerra de Macron contra o separatismo islâmico divide ainda mais a França", apareceu na versão online do jornal e também foi retirada. O artigo argumentava que após duas decapitações em Yvelines e Nice, Macron precisaria de seis milhões de muçulmanos do país para erradicar o extremismo violento, mas em vez disso, optou por alimentar o "pânico moral". Indubitavelmente, postulava o artigo que se há ataques islamistas na França, logo é porque o presidente está procurando sarna para se coçar.
O próprio Macron pensou em dar uma lição de moral ao Financial Times.
"Quem poderia imaginar que as declarações feitas publicamente pelo presidente de um país membro do G7 poderiam ser distorcidas por esta organização midiática?" escreveu Macron.
"A matéria fez mau uso das minhas palavras, trocando 'separatismo islâmico', termo que eu nunca usei, por 'separatismo islamista', que é uma realidade em meu país. O artigo me acusou de estigmatizar os muçulmanos franceses para fins eleitorais e de fomentar um clima de medo e desconfiança em relação a eles".
Macron passou então a acusar a mídia anglófona de não entender o que está acontecendo nos subúrbios franceses.
"Desde 2015 isso ficou patente, eu já me referia a isso antes mesmo de ocupar o cargo de presidente, que há solo fértil para a formação de terroristas na França. Em certos distritos e na internet, grupos ligados ao Islã radical estão ensinando o ódio à república aos nossos filhos, exortando-os a não respeitarem as leis do país. É isto que eu chamei de "separatismo" em um dos meus discursos. Se não acreditam em mim, leiam as postagens nas redes sociais sobre o ódio ventilado em nome de um Islã distorcido que acabou na morte de Paty. Deem uma volta nos bairros onde as meninas de três ou quatro anos vestidas de burca, separadas dos meninos já muito novinhas, separadas do restante da sociedade, criadas no ódio aos valores da França".
É a primeira vez que um presidente francês ataca a mídia anglófona dessa maneira e Macron tinha motivos de sobra para tanto. Na realidade, o que ele escreveu foi o artigo que os colunistas do Financial Times deveriam ter a coragem de escrever e seus redatores de publicar. Este tipo de extremismo religioso também já causou muitas vítimas nas ruas de Londres.
Em outra entrevista publicada online pelo Le Grand Continent, Macron atacou "a manipulação da história" daqueles que querem encarcerá-lo "no campo daqueles que não respeitam as diferenças". "Sou a favor do respeito às culturas, às civilizações, mas não vou mudar minha lei só porque causou espanto em outros lugares", salientou ele.
Esta também é uma das grandes diferenças entre os veículos da grande mídia francesa e americana, no caso da americana, alguns aparentemente até gostariam de mudar a data de fundação dos Estados Unidos. O "Projeto 1619" do New York Times poderia servir de Prova Documental A, desta nova "manipulação da história".
Macron planeja combater o "separatismo islamista". Ainda não sabemos se o projeto do presidente francês dará certo, é legítimo duvidar de sua real eficácia no que tange deter a desintegração da sociedade francesa que está sendo dirigida pelo comunitarismo extremista que alimenta o terrorismo. Ainda assim não temos o direito de acusar a França de racismo e "islamofobia", a exemplo da mídia anglófona que a acusa de modo obsessivo. Parece que toda a mídia americana resolveu culpar a vítima pelos ataques terroristas.
Segundo o Le Monde, Macron destacou em uma recente reunião do gabinete: "o alinhamento com o multiculturalismo americano é uma concepção do pensamento derrotista... Nosso modelo é universalista, não multiculturalista...Ninguém deveria dar a mínima se alguém é negro, amarelo ou branco. Em primeiro lugar, eles são cidadãos...." Ao que tudo indica, o multiculturalismo na França acaba chafurdando nas "zonas proibidas"
Na sequência, Macron arranjou uma entrevista com o The New York Times para criticar a mídia anglófona:
"de modo que, quando vejo, nesse contexto, inúmeros jornais creio eu serem de países que têm em comum nossos valores, jornalistas que escrevem em um país que tem como legado o Iluminismo e a Revolução Francesa, quando os vejo legitimando essa violência, dizendo que o cerne do problema é que a França é racista e islamofóbica, digo que os princípios dos fundadores se foram pelo ralo".
Na sexta-feira, 16 de outubro, um muçulmano extremista decapitou o professor Samuel Paty em Conflans-Sainte-Honorine. A manchete do The New York Times em seu artigo sobre o ataque dizia: "A Polícia Francesa Atira e Mata o Homem após um Ataque Fatal com Faca no meio da Rua". Parece que a mídia anglófona vive num mundo alheio à realidade, alicerçada na perseguição e caça imaginária, procurando chifre em cabeça de cavalo, veem racismo onde ele não existe, sequer sabem que palavra usar quando ele aparece nas ruas da França para decapitar um professor.
A Associated Press imediatamente se viu debaixo de uma avalanche de críticas. A agência de notícias cancelou, de novo, um tuíte que acusava a França de "incitar" o ódio contra os muçulmanos após a onda de ataques terroristas islamistas que o país tinha acabado de sofrer.
"Isso não é só execrável, é perigoso", respondeu a jornalista Agnès Poirier. "A Associated Press está incitando o ódio contra a França, contra o povo francês." Ela também acusou a mídia americana de "distorção mal-intencionada dos fatos, ignorância e má-fé".
Em 2015, a Associated Press foi rápida como rastro de pólvora para fazer uso de uma espécie de patrulhamento ideológico em relação às charges islâmicas da revista Charlie Hebdo. O motivo? "Provocação deliberada". Obviamente ela não faz ideia do que significa liberdade de expressão e ao que tudo indica não está interessada em defendê-la.
O Politico também entrou na dança, deletando o seguinte artigo opinativo: "a perigosa religião francesa do secularismo", do sociólogo francês Farhad Khosrokhavar. Na sequência, o Politico se pôs a publicar uma carta de Gabriel Attal, porta-voz do governo francês, que acusou Khosrokhavar de "uma inconcebível inversão de papéis de agressores e agredidos".
Quando ocorreu o massacre à Charlie Hebdo em 2015, os veículos da mídia anglófona efetivamente não mediram esforços para ocultar e censurar as charges de Maomé. As grandes redes americanas (CBS, NBC, MSNBC, ABC e CNN) se recusaram a mostrar as charges. O Facebook bloqueou o site francês Le Point para evitar o acesso aos desenhos ofensivos. A Sky News interrompeu uma transmissão ao vivo para não exibi-las. Foi quando a covardia da mídia americana realmente começou a mostrar sua cara: na crise das charges dinamarqueses de 2006. Os únicos veículos de mídia que se rebelaram contra a autocensura foram The Weekly Standard, Free Inquiry e The Western Standard de circulação extremamente limitada.
No pequeno jornal Seattle Weekly a repórter, Molly Norris, em solidariedade aos idealizadores ameaçados do desenho animado da tv "South Park", desenhou uma charge do profeta do Islã. Ela então teve que sumir do mapa devido às ameaças de morte. O último artigo de jornal que apareceu sobre ela dizia:
"vocês já devem ter percebido que a coluna de Molly Norris não consta mais da edição desta semana. Isto porque Molly tomou chá de sumiço... a conselho dos especialistas em segurança do FBI, ela irá mudar de residência e também de nome...".
Seria necessário pesquisar muito para encontrar uma única voz defendendo Norris em toda grande mídia americana.
O New York Times flagrantemente, em nome do "respeito" à fé muçulmana, censurou as charges de Maomé da Charlie Hebdo, mas defendeu o trabalho de Chris Ofili "A Santa Virgem Maria," na qual a mãe de Jesus está coberta de fezes e imagens de órgãos sexuais. A mídia americana, ao que parece, "respeita" única e exclusivamente o Islã. A pergunta que não quer calar é: será que a mídia americana espera alguma reciprocidade?
Gilles Kepel, estudioso francês do extremismo islâmico, salientou recentemente que o clima na França de hoje o lembra da época da fatwa iraniana (decreto religioso) de 1989 que ordenava o assassinato do escritor Salman Rushdie devido à sua obra de ficção Os Versos Satânicos. Já naquela época, a mídia anglófona e as editoras culpavam a vítima, não os aiatolás. Entre os colegas de Rushdie, Roald Dahl, autor de best-sellers infantis, disse que ele era um "perigoso oportunista", já o rei das histórias literárias de espionagem, John Le Carré, chamou Rushdie de "arrogante", "hipócrita" e "colonialista".
A Joia de Medina, um romance da escritora americana Sherry Jones sobre a vida da terceira esposa de Maomé, foi comprado e retirado da venda pela editora norte-americana Random House. A Yale University Press publicou o livro As Charges que Abalaram o Mundo, de Jytte Klausen, só que sem as charges. "A capitulação da Yale University Press às ameaças que ainda nem tinham sido feitas foi o último e talvez o pior episódio da gradativa rendição ao extremismo religioso, particularmente o extremismo religioso muçulmano, cujos tentáculos invadem a nossa cultura", ressaltou o já falecido Christopher Hitchens.
E também, como esquecer a vergonhosa lista de "extremistas anti-islâmicos", publicada pela Southern Poverty Law Center? Nela constavam Ayaan Hirsi Ali, ex-membro do parlamento holandês e a mais famosa dissidente do mundo islâmico e Maajid Nawaz, muçulmano britânico que lutou contra o radicalismo e com resultados positivos o Southern Poverty Law Center.
O Primeiro Ministro do Canadá Justin Trudeau criticou recentemente a Charlie Hebdo e declarou que a liberdade de expressão "tem limites". Trudeau, para ser franco, não é Charlie. Ele é adepto do comunitarismo que endossa os direitos de grupos, não um liberal que endossa os direitos do indivíduo.
A mídia americana está cansada de saber o que está acontecendo na França. Ela vê um professor decapitado por ter mostrado desenhos islâmicos e por ter debatido sobre a liberdade de expressão, jornalistas sob proteção policial por criticarem o islamismo extremista, massacres em igrejas; secessão em bairros com um grande número de imigrantes e a ameaça que o Islã político jogou no colo da cultura e democracia europeias. No entanto, aparentemente, receosos de serem chamados de "racistas" e não de serem assassinados, como Samuel Paty, que eles optam pela autocensura. Para não parecerem covardes, chamam isso de "respeito".
Lamentavelmente, a cultura anglófona está sendo engolida, aos poucos, de modo sistemático, pela "indústria da diversidade". Se o vilão é por definição branco, da cultura ocidental, logo os muçulmanos pelo jeito têm que ser as vítimas do colonialismo, velho e novo. Não é por acaso que, em nome da "diversidade", no ano passado a mídia americana andou alfinetando jornalistas como James Bennett e Bari Weiss, que se demitiram do New York Times.
Na guerra jihadista contra o Ocidente, a imprensa anglófona, agora famosa por "cancelar a cultura", abandonou as fileiras. É uma vergonha. Essa guerra contra o Ocidente já estava em andamento há quase vinte anos, quando dois aviões apareceram nos céus de Manhattan.
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